06 mar Ação deve ser rápida para conter mudança climática, diz OCDE
O mundo tem que lidar com as alterações climáticas agora – ou pagará um preço muito mais elevado depois, disse a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta quarta-feira, 05/03.
Em duas décadas, danos ambientais que não forem contidos poderiam levar metade da população mundial a ficar sem água potável, afirmou a Secretária Geral da OCDE, Angel Gurria.
“Mudanças climáticas são o desafio mais importante da humanidade. Nós conhecemos o inimigo: se chama carbono”, acrescentou.
Um relatório sobre o cenário ambiental para 2030, parte de uma série de relatórios compilados a cada cinco anos, se concentra na mudança climática, falta de água, necessidade de energia, perda de biodiversidade, transportes, agricultura e pescaria.
“Sem políticas mais ambiciosas, a pressão crescente sobre o meio ambiente poderá causar danos irreversíveis em poucas décadas”, diz o relatório. “O custo da falta de ação é alto, enquanto ações ambiciosas para proteger o ecossistema são sustentáveis e podem ser conjugadas ao crescimento econômico”.
O relatório sublinha também a necessidade de responsabilidade global. Gurria exortou países como Estados Unidos e os de economia emergente (como China e Índia) para que aceitem um acordo internacional de compromisso para reduzir o lançamento de gases estufa.
Até 2030, a população mundial – hoje de 6,5 bilhões de pessoas – estará próxima de 8,2 bilhões, segundo estimativas, e a economia global pode dobrar de tamanho, principalmente devido ao crescimento de países como Brasil, Rússia, China e Índia, diz o relatório.
O crescimento descontrolado no consumo de energia nesses países pode chegar a 72% nesses países, em contraste com 29% dos países europeus membros da OCDE.
Isso levaria a um crescimento de 38% nas emissões de dióxido de carbono até 2050. Entretanto, se medidas de contenção forem tomadas para estabilizar o crescimento das emissões, há possibilidade de permanecermos nos níveis de 2000, sustenta o relatório.
O relatório diz ainda que governos devem criar políticas como “impostos verdes” para encorajar o desenvolvimento de práticas e tecnologias, e que países ricos devem ajudar os pobres a se desenvolverem sem espalhar poluição através do fornecimento de tecnologias e know-how.
“O relatório da OCDE identifica situações ambientais críticas que todos os países do mundo enfrentarão”, disse o Congressista americano Bart Gordon em uma declaração em Washington.
“Ele fornece um bom mapa para avaliar desafios ambientais e impactos econômicos que enfrentaremos caso nenhuma atitude seja tomada”.
O OCDE é formado por 30 países europeus e se concentra em políticas sociais e econômicas.
(Estadão, 05/03/08)