07 fev Reflexões à Beira Mar…
Da coluna de César Valente (De Olho na Capital, 06/02/08)
Estava ontem (05/02) almoçando com amigos na praia do Forte e, enquanto olhava para o mar… de carros, pensava na forma como o prefeito administrou aquela história das restrições que a Justiça impôs à bacia do Itacorubi. E como tem administrado várias outras questões, todas relacionadas ao fato desta ilha ter se transformado num poderoso atrativo turístico e sonho de consumo de milhões de brasileiros.
A prainha do Forte tem um acesso estreito, complicado, íngreme e centenas de veículos disputam uma vaguinha na areia, em qualquer canto. Mas não para de chegar gente. A Ilha é assim também: não para de chegar gente. Todos fascinados com o que vêem. E procurando vaga…
Aí, em vez de se antecipar a qualquer demanda de algum procurador mais ranheta e tratar o ambiente ilhéu com carinho e desvelo, a prefeitura vai empurrando com a barriga pra ver se consegue driblar as exigências legais. Às vezes cola, às vezes não.
Quando não cola, reclama que a ingerência é indevida. Como disse anteontem, por meio de seu secretário de comunicação: “a procuradora não vai pautar as ações da prefeitura”. Como que dizendo: “quem manda sou eu, ela que pare de encher o saco”.
Ora, há um ano ou mais, quando o juiz Bodnar decidiu algo que pareceu, para a prefeitura, injusto, o prefeito deveria ter subido nas tamancas e ido aos tribunais. E feito o que só ontem, passado o temporal, mandou seus auxiliares fazerem: “vamos limpar os córregos e enfrentar as conseqüências”.
Em resumo: quando Lula, LHS e Dário reclamam dos entraves ambientais às suas ações e tentam colocar a população contra o Ministério Público, demonstram que não estão preparados para gerenciar a ocupação de um dos países mais complexos, ambientalmente ricos e economicamente visados do mundo. E, neste campo, cada passo em falso tem repercussões importantes não só imediatas, mas também de médio e longo prazos.
A ilha, assim como a prainha do Forte, está tomada completamente por automóveis e largada à própria sorte. E a esperança está por um fio.