24 jan Comunidades do Saco Grande questionam novo zoneamento
A pretensão da Prefeitura de Florianópolis em mudar o zoneamento do bairro Saco Grande, para atender ao governador Luís Henrique da Silveira (PMDB), desagrada a população da região. A iniciativa do também peemedebista Dário Berger está entre os cinco projetos enviados para a Câmara avaliar durante convocação extraordinária iniciada anteontem (22/01) à noite. O projeto de lei prevê a permissão para construção de edifícios de até 12 andares no Centro Administrativo do Estado.
“Fomos surpreendidos com este projeto”, disse o vice-presidente da Associação dos Moradores do Sol Nascente e representante do Saco Grande no Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo, Geraldo Von Uhlen. “Nossa última reunião foi no ano passado (antes do envio dos projetos para o Legislativo). Não chegamos a discutir isso, pois estávamos seguindo orientação do Núcleo Gestor em fazer um recesso agora no período de virada de ano”, explica.
De acordo com Uhlen, a tendência entre os moradores da região é completamente diferente do que pretende o projeto. “O que queremos aqui é uma redução do atual gabarito, e não liberar para prédios tão altos. Já não existe infra-estrutura básica, como é que vai ser?”, questiona.
Von Uhlen alega que costumeiramente a população enfrenta problemas no abastecimento de água e de energia elétrica. “Fizeram uma estação de tratamento que só atende ao shopping e ao Centro Administrativo. Com esta mudança no zoneamento, a tendência é de que se agravem ainda mais estes problemas”, afirma.
O vereador João Batista Nunes (PR), idealizador de outro projeto polêmico, o defeso da bacia hidrográfica do Itacorubi, se mostra contrário à alteração. “A comunidade precisa se mobilizar como aconteceu na região do Itacorubi. Não se pode deixar o governo incorrer em um erro naquela região, que todos sabemos ser precária. Sou contrário a edificações com gabarito tão alto, e vou continuar sendo”, diz.
A oposição também reagiu contrariamente. O vereador João Aurélio Valente (PP) alegou que a idéia é uma incoerência do prefeito. “Como é que proíbe de um lado e permite de outro, apenas para fazer média com o governador, que é do mesmo partido dele?”, indaga. Jair Miotto (PTB) preferiu amenizar a polêmica. “O aumento do gabarito é pontual, só vale no Centro Administrativo. E, além de a comunidade precisar ser ouvida em audiência pública, a lei pode ser aperfeiçoada”, cita.
Floram defende mudança e prevê contrapartida
A defesa do projeto é feita pelo superintendente da Secretaria Municipal do Meio-Ambiente (Floram), José Carlos Rauen. De acordo com ele, tanto a alteração do zoneamento do Saco Grande quanto da Agronômica só serão feitas se existir uma contrapartida para o Município.
“O projeto deixa bem claro que o governo do Estado precisa investir na região do Centro Administrativo, sob pena de não ter liberação para fazer as obras que lhe interessam”, comentou, citando R$ 140 milhões que a Casan teria à disposição para investir no saneamento básico de Florianópolis e os R$ 200 milhões que a Celesc está injetando na construção da subestação da Ilha e no cabeamento submarino para trazer energia elétrica do Continente para a parte insular da Capital.
“A Casan vai instalar naquela área uma adutora de 500 milímetros. Será água para beneficiar toda a região, por exemplo”, diz Rauen. A mudança vai permitir que o governo – cuja bandeira é a descentralização – centralize toda a estrutura instalada em Florianópolis. A meta é cortar custos com telefonia e transporte de funcionários entre o Centro Administrativo e os prédios das secretarias da Educação e Infra-estrutura, por exemplo, ambos localizados no Centro.
(Alessandro Bonassoli, AN Capital, 24/01/08)