06 dez Lixo é transformado em arte e enfeites de Natal
Em tempos em que a consciência ecológica ganha força no mundo todo, é uma conseqüência natural o uso de materiais recicláveis na confecção das alegorias natalinas. Garrafas pet, latas de alumínios, CDs descartados, fios telefônicos e cabos de TV – que antes tinham destinos incertos – são transformados matéria-prima em obras belas e curiosas. É uma forma de celebrar uma das mais importantes datas cristãs com responsabilidade social e preocupação com o futuro do meio ambiente.
Uma margarida como a Virgem Maria, um gari como São José e os três reis magos representados por um “espeto”, um auxiliar de limpeza urbana e um motorista. O elenco inusitado faz parte do presépio montado na entrada do Centro de Transbordo (Cetres) da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap), no bairro Itacorubi.
A encenação do nascimento de Cristo foi confeccionado em material reciclado. Entulhos de construção civil, cabos telefônicos e de TV, latas de alumínio, CDs , inclusive, alegorias de carnaval encontrados no lixo foram transformados em arte.
O trabalho foi idealizado pelo artista plástico Valdinei Marques, que coordena o Museu do Lixo. Ele, que costuma montar sozinho todos os anos as esculturas que embelezam as unidades da Comcap nesta época, resolveu inovar. “Os trabalhadores da limpeza urbana não costumam ser valorizados pela população e fazer o presépio usando-os como referência é uma forma de homenagem e de salientar a importância deles”, diz.
Iniciativa faz homenagem aos funcionários
Tiago Luiz Costa, que trabalha na triagem dos reciclados há cerca de dois meses, gostou da experiência de participar da criação coletiva. “Foi um barato. Poder trabalhar o material que viraria lixo e ver que ele tem um maravilhoso destino, teve um significado especial”, afirma
Outro entusiasmado com a proposta é o maquinista Flares Abreu. Parceiro de Valdinei em várias iniciativas no Cetres, não pensou duas vezes na hora de aceitar o convite para ajudar no presépio “Sempre que tinha um tempo livre estava lá. Não tem coisa melhor”, garante.
O presépio não é a única obra natalina. Um anjo com cerca de três metros de altura, feito com garrafas pet abertas e remoldadas, montado numa estrutura de ferro e arame e adornado com CDs, está sendo restaurado para ser instalado no Aterro de Inertes da Comcap, no bairro Monte Verde. Outra peça é o “pinheiro” feito com as partes não aproveitadas das pets, que deve ir para a sede da Comcap, no Estreito.
Enquanto isso, o irrequieto Valdinei fica atento ao que aparece na triagem e atende a estudantes que vão conhecer o Museu do Lixo. No resto do tempo, apronta outras peças de Natal para órgãos da Prefeitura. “Devo concluir nesta semana a árvore que vai para a Fundação Municipal de Meio Ambiente”, diz.
(Por Josi Castro, AN Capital – 6/12)