Catadores querem espaço para trabalhar

Catadores querem espaço para trabalhar

As más condições de trabalho levaram 150 catadores de materiais recicláveis a saírem em passeata pelas ruas da Capital, na manhã chuvosa de ontem. A manifestação fez parte das ações promovidas pela categoria em todo o País e, em Florianópolis, reivindicou a definição de novo espaço para o transbordo do material coletado por mais de 70 catadores e a participação deles na coleta seletiva.

O movimento nacional cobra o repasse de R$ 170 milhões ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), anunciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Santa Catarina deve receber cerca de R$ 1,5 milhão desse montante, segundo o representante do MNCR no Estado, Dorival Rodrigues dos Santos.

Conforme Santos, o movimento nacional deveria ter recebido R$ 25 milhões ainda no ano passado, correspondentes à primeira parcela, e R$ 33 milhões neste ano. Apesar de liberada pelo governo federal, a verba não chegou às entidades representativas da classe. Os catadores de Florianópolis reivindicam novo espaço para trabalhar desde o final de fevereiro, quando foram removidos do depósito que mantinham embaixo da ponte Pedro Ivo Campos.

Ao saírem da ponte, 60% dos 87 coletores que separavam os materiais no local foram para a estação de transbordo da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap), no Itacorubi, e o restante se concentrou em uma área ao lado da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), na avenida Gustavo Richard, segundo o presidente da Associação de Coletores de Material Reciclável (ACMR) de Florianópolis, Volmir Rodrigues dos Santos.

A maioria que havia sido transferida para o Itacorubi retornou ao Centro em julho, conta Santos, pois teve queda de 56% na renda mensal – na faixa de R$ 200 a R$ 300 – que conseguiam quando trabalhavam sob a ponte Pedro Ivo. Eles solicitam à Prefeitura terreno de mil metros quadrados para a implantação do galpão de reciclagem e área externa para depósito. O Executivo acha a área grande demais.

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Prefeitura ainda estuda solução

O secretário de Governo da Prefeitura, João Aderson Flores, explica que foi estabelecido, em reunião realizada com os catadores há 40 dias, que seria formado um grupo de estudo com a participação de três representantes da categoria e três da administração, visando a elaboração de projeto de lei para regulamentar a coleta na Capita.

Outra meta é planejar a locação do espaço que será destinado aos catadores. O secretário diz que o projeto de lei está “praticamente finalizado” e que a pesquisa sobre novo espaço para o grupo deve ser acelerada.
Flores também afirmou ontem que os trabalhadores não poderão permanecer ao lado da ETE da Casan, no aterro da baía Sul. “Provisoriamente eles ficam, mas depois terão que sair. A Prefeitura quer contribuir para a inclusão social, e para que os catadores continuem a realizar seu trabalho. Mas temos um problema hoje em encontrar áreas disponíveis no Município, é preciso paciência até que seja encontrada uma locação adequada”, afirma.

O presidente da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap), Irineu Theiss, acrescenta que a solução para o problema deve ser definida em até 30 dias. “A área que eles pedem, mil metros quadrados, é muito grande, não há como conseguirmos isso. Não existe solução mágica, vamos continuar buscando uma saída, mas que que atenda aos interesses dos catadores e esteja dentro das possibilidades da Prefeitura”, finaliza.

(AN Capital, 12/12/2007)