12 nov Restos viram reais na Capital
Às margens da Baía Sul e, a menos de 200 metros do centro de convenções e do terminal urbano de Florianópolis, 100 toneladas de entulho se amontoam a céu aberto numa área do tamanho de um campo de futebol. Ali, em meio a pilhas de latas, blocos de papel e barracos improvisados de papelão e madeira, 60 homens e mulheres ganham a vida separando lixo.
Eles ocupam o local há mais de cinco meses, embora, quem passe pela Avenida Gustavo Richard, em direção ao Sul da Ilha, precise estar atento para ver o portão que dá entrada ao terreno. Antes de se instalarem ali, passaram anos na cabeceira insular da Ponte Pedro Ivo, de onde foram retirados e instalados no galpão da Comcap, no Bairro do Itacorubi.
A idéia era integrar os catadores em um projeto de coleta coletiva, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), pelo qual todos dividiriam os ganhos com a venda do material.
Após apenas 20 dias no novo endereço, 60 dos 90 catadores não se adaptaram e decidiram voltar ao centro da cidade. Inicialmente, ocuparam mais uma vez a área na cabeceira da Ponte Pedro Ivo. Enfrentaram nova resistência e se mudaram, enfim, para o aterro da Baía Sul, numa área de propriedade da Marinha, onde estão até hoje.
– Uns dizem que a área onde estamos é da União, outros dizem que é da Marinha, mas eu só sei que é dos catadores e não vamos sair, a menos que nos consigam um galpão perto daqui – afirma o representante dos catadores em Santa Catarina, Dorival dos Santos.
Sem água e luz, eles buscam ajuda
Além do barracão para fazer a triagem das 70 toneladas de material reciclável que recolhem toda semana, os coletores pedem da prefeitura o abastecimento de água, luz, e a instalação de banheiros no local. Por enquanto, utilizam os sanitários do terminal urbano e bebem a água que ganham da Polícia Militar. Luz elétrica, nem pensar.
Essas e outras pendências foram debatidas, recentemente, com o titular da Secretaria de Governo de Florianópolis, João Aderson Flores.
– A prefeitura reconhece que a atividade dos catadores é importante para a economia da cidade e para o meio ambiente. Precisamos, no entanto, discipliná-la – afirmou o secretário.
Independentemente do acordo, Dorival dos Santos e os colegas prometem seguir na atividade.
(Lucas Amorim, DC, 11/11/2007)