Lagos critica os EUA na abertura da Eco Power

Lagos critica os EUA na abertura da Eco Power

A principal estrela da solenidade de abertura da Eco Power, ontem à noite, na Capital, o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, não poupou críticas à postura dos Estados Unidos em relação ao aquecimento global. O enviado especial das Nações Unidas ao encontro disse que os norte-americanos são responsáveis por 30% de todo o gás carbônico liberado na atmosfera.

A maior potência econômica do mundo, alertou Lagos, também vem recebendo duras críticas de ambientalistas por ter se negado a assinar o protocolo de Kyoto.

Na coletiva que concedeu à imprensa, o representante da ONU destacou que a grande mudança na consciência ambiental dos países em desenvolvimento é que, há 10 anos, pensava-se que a culpa pelas emissões de gás carbônico na atmosfera era apenas dos países considerados desenvolvidos. Lagos também lembrou que 20% das emissões carbônicas anuais devem-se ao desflorestamento e elogiou o Brasil por estar fazendo um grande esforço para diminuir os danos na Amazônia. Mas, segundo ele, é preciso que haja financiamento para que as energias renováveis dêem certo.

– Se pagam para que seja cortada uma árvore, por que não pagar para que deixem ela ali – questionou.

Encontrar respostas para temas tão complexos como esse é um dos desafios da Eco Power. Na abertura oficial, o diretor do evento, Ricardo Bornhausen, enalteceu o fato de SC ingressar definitivamente no cenário mundial com o evento.

Estado ingressa no cenário mundial

– A causa sustentabilidade vai movimentar a economia e será determinante para o crescimento do país – observou Bornhausen.

O presidente do Conselho Consultivo da conferência e presidente da Celesc, Eduardo Pinho Moreira, lembrou que 45% da matriz energética brasileira é renovável, número muito maior que a média mundial, de 14%. As iniciativas realizadas na cidade-sede da Eco Power foram apresentadas aos presentes pelo prefeito de Florianópolis, Dário Berger.

Ele mostrou, por exemplo, que uma parceria entre a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Fundação do Meio Ambiente, possibilitou a realização da compostagem, no Parque Ecológico do Córrego Grande, que transforma resíduos orgânicos em adubo. Outro projeto, relatou Berger, recolhe o óleo utilizado pelos restaurantes e transforma em combustível para os barcos de pescadores do Ribeirão da Ilha, no Sul da Capital.

A programação de hoje inicia-se a partir das 9h, com uma conferência sobre sustentabilidade e desenvolvimento global.

Amanhã, acontecem as palestras dos prêmios Nobel da Paz 2006, Muhammad Yunus, e com o Nobel da Paz 2007, Mohan Munasinghe.

Curiosidades

Ecologicamente corretos

Como não podia deixar de ser em um evento sobre sustentabilidade, todas as lixeiras das salas onde acontecem as coletivas são recicláveis, com espaço para metal, papel e plástico.

Aquecimento global

O aquecimento global parece não ter dado trégua nem à conferência que combate o efeito nocivo do homem à natureza. No seu discurso de abertura, o diretor da Eco Power, Ricardo Bornhausen, precisou tomar um gole de água para continuar falando. Brincou dizendo que era efeito do “global warm”, aquecimento global, em português.

Engasgou

O prefeito Dário Berger também estava precisando de um copo de água, mas para desengasgar. Foram seis tentativas frustradas até que ele conseguisse falar a palavra “eólica”, na sua defesa por energias alternativas.

Oportunidade para mostrar SC

O governador Luiz Henrique da Silveira aproveitou o evento internacional, tendo como platéia grandes nomes da política e do meio empresarial, para ressaltar as qualidades de Santa Catarina em educação e moradia. Pegou como base o Índice de Desenvolvimento Humano, divulgado na quarta-feira.

Biquínis e ternos

Realizar um evento na beira do mar tem dessas coisas. No Costão do Santinho, ontem, biquínis e bermudas dividiram a cena com ternos, gravatas e roupas sociais.

Para o seu filho ler

Eco Power é uma reunião que começou ontem em Florianópolis, com pessoas do mundo inteiro que entendem de cuidar da natureza, das árvores, dos rios e dos mares. Eles estão querendo encontrar um jeito de impedir que a poluição das grandes fábricas acabe prejudicando as florestas, os animais e as pessoas. Para haver uma solução, todos os países precisam também querer a mesma coisa. E o importante é que está acontecendo aqui em Santa Catarina.
Ricardo Lagos, Representante da ONU
“Em 2015 ou 2020 não teremos mais como tentar contornar. A hora é agora. Não há mais tempo para discutir, o momento é de praticar e apoiar iniciativas em geração de energia limpa.”
Luiz Henrique da Silveira, Governador do Estado
“Em Santa Catarina, temos a gestão adequada dos recursos hídricos, fizemos o levantamento agropecuário e estamos fazendo o inventário florestal. Estamos também discutindo um código de meio ambiente.”
Ricardo Bornhausen Diretor da Eco Power
“A capital ingressa no cenário mundial com esse evento.”
Dário Berger Prefeito de Florianópolis
” Em Florianópolis, nós temos iniciativas pioneiras com relação à sustentabilidade.”
Os norte-americanos são responsáveis por 30% de todo o gás carbônico liberado na atmosfera

(Graziele Dal-bó, DC, 29/11/2007)