Indefinida situação de catadores

Indefinida situação de catadores

Cinco meses depois de voltarem ao Centro da Capital, em uma área ao lado da Estação de Tratamento de Esgotos da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (ETE/Casan) na avenida Gustavo Richard, os coletores de material reciclável ainda têm indefinida sua situação.

Eles negociam com a Prefeitura um novo espaço para trabalhar, depois que a experiência na estação de transbordo da Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) no Itacorubi, segundo afirmam, não deu certo.

De acordo com o representante estadual do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Dorival Rodrigues dos Santos, o lucro havia caído 56%. “O que a gente faturava em um mês lá, fatura em uma semana aqui”, conta.

Na estação de transbordo da Comcap fica-ram apenas os catadores que trabalham com a triagem (seleção) dos materiais. Quem coleta materiais nas ruas – os “carrinheiros” – não aprovou a mudança e retornou ao Centro. Segundo Dorival Rodrigues, são 37 famílias trabalhando no terreno ao lado da ETE da Casan.

O novo local, porém, ainda está longe do ideal, de acordo com os coletores. O presidente da Associação de Coletores de Material Reciclável (ACMR) de Florianópolis, Volmir Rodrigues dos Santos, diz que falta um barracão no terreno.

Já a catadora Maria Delaide reclama da dificuldade em atravessar a movimentada avenida Gustavo Richard, uma via de trânsito rápido que liga as pontes ao túnel Antonieta de Barros, com carrinhos que, carregados, pesam entre 200kg e 300kg. “Se der uma cãibra enquanto a gente estiver atravessando, já era. Eu mesmo já quase fui atropelada”, alerta.

Para Maria Delaide e os outros coletores, o lugar ideal para trabalhar é o terreno ao lado da cabeceira insular da ponte Pedro Ivo Campos, onde eles estavam até o início do ano. “Lá tinha banheiro, cozinha, luz, água. Aqui nem banheiro nós temos”, lamenta.

A saída dos catadores do local ocorreu por medidas de segurança, segundo justificou a Prefeitura na época, já que há redes de energia elétrica e gás natural passando perto do galpão onde ficavam depositados materiais como papel, papelão e plástico.

Solução para impasse está sendo avaliada

Na quinta-feira passada, os coletores tiveram uma reunião com representantes da Prefeitura de Florianópolis (PMF) e da Comcap para tentar encontrar soluções para o impasse. O secretário de Governo, João Aderson Flores, espera que a situação seja resolvida em um novo encontro, marcado para a próxima terça-feira.

Uma das alternativas é construir um galpão no Norte da Ilha, para onde os catadores levariam o material recolhido na região central. “Minha expectativa é de que consigamos dar um desfecho mesmo que provisório, algo entre quatro a seis meses”, afirma.

De acordo com Flores, não há no Centro de Florianópolis um terreno adequado a receber a estrutura que reivindicam os coletores. “Esse é o grande problema: você não encontra espaços disponíveis”, lamenta.

Uma volta ao antigo galpão da cabeceira insular da ponte Pedro Ivo Campos é descartada pelo secretário. “É um questão de segurança deles e da cidade”, diz, alertando para o risco de acidentes no local.

De acordo com os coletores, um dos motivos para o fracasso da experiência no Itacorubi foi a mudança no regime de trabalho: em vez de cada um faturar conforme coletasse, passaram a dividir todo o faturamento coletivamente, o que fez cair o rendimento de quem trabalhava mais.
Na época, a criação de pontos de transbordo onde os catadores repassariam os materiais para caminhões da Comcap causou polêmica por causa do temor de acúmulo de lixo no Centro.

(A Notícia, 18/11/2007)