29 nov Eco Power Conference
Ricardo Lagos, enviado especial da ONU para mudanças climáticas e ex-presidente do Chile, abriu nesta quarta-feira, 28/11, a Eco Power Conference, em Florianópolis
A Eco Power Conference – Fórum Internacional de Energia Renovável e Sustentabilidade – iniciou ontem, dia 28, em Florianópolis, com a presença de 700 pessoas entre políticos, empresários, pesquisadores e painelistas nacionais e internacionais vindos de nove países.
A conferência de abertura foi proferida pelo ex-presidente do Chile e enviado especial da ONU para mudanças climáticas, Ricardo Lagos, que abordou a geopolítica e importância das fontes alternativas de energia. Ele falou da política mundial e das relações de poder que envolvem as matrizes energéticas. “Até 1990 os países discutiam a respeito dos combustíveis fósseis, em especial o petróleo, e a conseqüência era uma política de restrição de oferta para aumentar preços. A partir de 2000 produziu-se outro cenário. Para satisfazer os produtores, existem pressões para aumentar a demanda”, disse ele e continuou: “Isso tudo impacta fortemente nas políticas relacionadas às energias alternativas. É preciso haver mecanismos mais fortes de financiamento para que haja segurança dos investidores. O ideal é se existisse um fundo mundial para que o preço do petróleo seja balizado de acordo com as ofertas de energias limpas”.
Antes da conferência do ex-presidente, o diretor da Eco Power, Ricardo Bornhausen, fez a abertura da sessão solene destacando que este é o século do Brasil para se consolidar o líder em energias renováveis. “Esse evento vai colocar Florianópolis e Santa Catarina no calendário mundial de discussões sobre o tema eficiência energética. Queremos uma agenda positiva, mostrando o que é possível fazer e unindo os envolvidos num mesmo foco”, disse o diretor.
O presidente do Conselho Consultivo da Eco Power e presidente da Celesc, Eduardo Pinho Moreira, também falou destacando os investimentos da companhia em energias limpas. O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, ressaltou alguns projetos da cidade, como reaproveitamento do óleo de cozinha dos restaurantes nos barcos dos pescadores das comunidades da Ilha.
O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, falou dos diferenciais do Estado, como a expectativa de vida que é de 80 anos, segundo o IBGE, enquanto a média nacional é de 70 anos, além de destacar que o Estado tem o quinto PIB do país. “Temos 10 unidades de preservação ambiental, criamos a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e estamos avançando para termos uma legislação moderna em relação à sustentabilidade, como exigir o controle de emissão de dióxido de carbono nas inspeções veiculares”, afirmou Luiz Henrique.
Carbono
Na entrevista coletiva que concedeu antes da abertura da Eco Power Conference, Ricardo Lagos, disse que o assunto energias alternativas está em primeiro lugar na agenda mundial, por uma questão de segurança energética pelas mudanças climáticas que estamos vivenciando.
“É preciso haver mecanismos de financiamento para que haja investimentos em energias alternativas. Os investimentos com longo prazo não ocorrem por falta de segurança de retorno”, disse o ex-presidente.
Perguntado a respeito dos países em desenvolvimento se devem diminuir as emissões dos gases causadores do efeito estufa, Lagos disse que todos os países devem ter empenho nisso. “Há 10 anos parecia razoável que apenas os países mais ricos fizessem esforços no sentido de diminuir as emissões de gases e os países em desenvolvimento fizessem apenas o que conseguissem”, analisou ele, que continuou: “Hoje não há mais o que discutir, todos precisam fazer esforços. Claro que cada país tem uma realidade específica, por isso as metas solicitadas para cada um devem ser diferentes”.
“É preciso reforçar que ao invés de compensar as emissões com plantio de árvores, o ideal é evitar o corte de árvores”, disse Lagos.
Sobre o Brasil, Lagos reforçou a liderança que o país tem na geração de energia por biomassa e biocombustíveis e que essa reunião é muito importante para mostrar possibilidades com energias alternativas. “Em 2015 ou 2020 não teremos mais como tentar contornar. A hora é agora. Não há mais tempo para discutir, o momento é de praticar e aplicar iniciativas em geração de energia limpa”.
Sobre Ricardo Lagos
No primeiro governo democrático do Chile, sob a presidência de Patricio Aylwin Azócar, Lagos exerceu o cargo de Ministro de Educação e assumiu a pasta de Obras Públicas sob a presidência de Eduardo Frei. Foi Presidente do Chile no período 2000 -2006. Em maio de 2007 foi nomeado enviado especial para mudanças climáticas da ONU pelo Secretário Geral Ban Ki-moon.
Fonte: Primeira Via Comunicação.
(Acontecendo Aquí, 29/11/2007)