Turismo sem infra-estrutura?

Turismo sem infra-estrutura?

Trazer à Ilha de Santa Catarina massas de turistas e empreendimentos hoteleiros de países do 1º mundo? Excelente, se a infra-estrutura da Ilha não estivesse defasada 20 ou mais anos. Quantos consumidores consegue ela abastecer de água, energia elétrica e alimentos, que traz do continente? Como levar as massas às praias se o sistema viário propicia estrangulamentos em toda a extensão? Como fazê-las ir ao mar se os munícipes não pavimentam as ruas ou as obstruem com entulhos? Como atraí-las ao mar, se eles poluem muitos dos seus pontos? Onde fazê-las banhar-se, se posseiros da área da Marinha e o cataclismo de 1994 reduziram a faixa de areia a quase nada? Como transmitir-lhes segurança se o Norte se tornou terra “sem lei, com rotina de sangue, drogas e insegurança” (DC, 17-06-07)? Por que não aplicar os polêmicos 50% de “incentivo à hotelaria” na ampliação da infra-estrutura ou não cobrar dos especuladores imobiliários taxas para ela?

Fatores dessa situação? Omissão dos munícipes sim, mas sobretudo falhas da administração pública. Por que a Câmara, Prefeitura e Estado não se uniram para reduzir a invasão de áreas de preservação permanente? Ao transferirem os invasores da Via Expressa para “bons abrigos” no coração da Ilha, pensaram nos problemas sociais que seu desemprego e desabastecimento haveriam de gerar? Por que, contrariando o clamor dos conselhos comunitários, os vereadores aprovaram remendos em 480 pontos, em grande parte permissivos, contribuindo para degradar o ambiente e comprometer a sustentabilidade do bem-estar social, visado pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001)? A criação de um Conselho Municipal Permanente não remunerado não resolveria inúmeros problemas? Ou investimos pesado e rápido na infra-estrutura ou acabamos por completar a degradação da Ilha e promover turismo insustentável.

(Oswaldo Furlan – Professor universitário aposentado, DC, 19/09/2007)