“Reiciclagem” e os súditos

“Reiciclagem” e os súditos

O soberano Reiciclagem – algumas vezes também autodenominado Neiciclagem – ganhou novos seguidores. Ontem à tarde, em uma cerimônia realizada em seu palácio – , o Museu do Lixo da Comcap – ele colocou a coroa na cabeça dos novos diplomatas. Com a mão sobre o peito, os embaixadores e embaixadoras juraram transformarem-se em agentes ambientais da natureza.

Isso significa que assumiram o compromisso de encarar um dos maiores desafios do mundo contemporâneo: a destinação do lixo. Os alunos da terceira série (quarto ano) do Colégio Nossa Senhora de Fátima, em Florianópolis, prometeram respeitar o planeta. São medidas simples e eficientes, como não jogar lixo no chão e jamais misturar dejetos orgânicos com resíduos materiais. Entusiasmados, deram a palavra que também não vão maltratar os animais.

O ritual, comandado pelo educador ambiental Valdinei Marques, 28 anos, marca as comemorações dos quatro anos do Museu do Lixo. Instalado em 25 de setembro de 2003, o museu tem um acervo que inclui aparelhos eletrônicos e de telefonia, discos em vinil e em CDs, latas de refrigerantes, ferros de passar, livros, quadros, imagens de santos, roupas, moedas, fotografias e brinquedos antigos.

Os estudantes estão incluídos entre as cerca de 3,6 mil pessoas que todo ano passam pelo museu, localizado no Centro de Transferência de Resíduos Sólidos (CTReS), Bairro Itacorubi. As instalações estão sobre a área recuperada do antigo lixão da Capital. Os visitantes são principalmente crianças e adolescentes que estudam temas como destinação do lixo, aquecimento global e consumo desenfreado.

– Cada peça revela seus contrastes: o lixo e o luxo, o feio e o belo, a má-fé e a fé, o sujo e o limpo. Isso é o que mais me surpreende – diz o educador ambiental.

Também é gratificante, reconhece, ver as respostas das crianças:

– Antes eu não separava o lixo. A partir de hoje, vou colocar cada coisa em seu lugar – disse Thays Fernandes, nove anos.

Para Valdinei Marques, observar objetos modernos como telefones celulares e laptops jogados no lixo mostra “a rapidez com que as coisas são descartadas nesta sociedade que incentiva o exagero do consumo”.

– Aqui, as crianças percebem como é importante mudar de atitude, tornar-se um consumidor responsável, para conservar e preservar o ambiente – diz.

(Ângela Bastos, DC, 25/09/2007)