27 set Plano para Capital tem novo debate
A terceira edição do projeto Pensando a Cidade, promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis (Sinduscon), realizado ontem à noite, comparou as experiências de Florianópolis e Curitiba no que diz respeito ao planejamento da cidade. Para traçar um paralelo entre o desenvolvimento urbano das duas capitais, foram convidados o presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Ildo Rosa, e o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Augusto Canto Neto.
Para o presidente do Sinduscon da Grande Florianópolis, Hélio Bairros, este é um tema muito importante para a cidade, principalmente no momento em que se discute o Plano Diretor Participativo. “Estamos num momento muito especial, quando várias entidades estão envolvidas na preocupação de dar um novo contorno e um novo destino para Florianópolis. Neste sentido, tudo o que for feito com o propósito sério de redesenhar a cidade é positivo”.
Segundo Bairros, o exemplo de Curitiba foi escolhido para a discussão, pelo fato da capital paranaense ser reconhecida como uma cidade planejada. “Além disso, achamos importante ouvir a experiência de um órgão como o IPPUC”, afirma.
Durante o encontro, Canto falou sobre os projetos atuais do IPPUC, que vem trabalhando em algumas propostas de alteração de zoneamento e nos planos que devem ser finalizados até o final do ano, entre eles o Plano de Mobilidade, de Transporte, Habitação e Meio Ambiente. Outro destaque foi o projeto da Linha Verde, maior obra viária em execução no Paraná.
Construída na antiga BR-116, a Linha Verde contará com estações da Rede Integrada de Transporte, por onde passarão os ônibus das linhas alimentadoras que hoje cruzam a rodovia. As estações serão interligadas a ruas transversais, que funcionarão como pontos de ligação entre os bairros separados pela antiga rodovia. Quando concluído, o projeto deve criar novos caminhos na cidade, integrando bairros, reordenando o trânsito e permitindo a ampliação do sistema de transporte.
Novas alternativas de trânsito
Curitiba é conhecida nacionalmente como ‘capital modelo’ pelas soluções inovadoras que implementou nas últimas décadas. Para Canto, a chave do sucesso está no planejamento e no IPPUC, órgão que conta com um corpo técnico com mais de 80 engenheiros e arquitetos que planejam e executam obras que permitem à cidade crescer sem perder a qualidade de vida.
De acordo com ele, o IPPUC foi criado em 1965 e sempre foi um órgão de interligação entre as diversas secretarias e a Prefeitura. “Ao longo dos anos se criou uma cultura em que as próprias pessoas que planejam, executam as obras. Outro fator é a continuidade, tanto dos projetos, como das pessoas. Existe uma continuidade, o que nos permite um corpo técnico coeso”, completa.
Ildo Rosa, presidente do Ipuf, falou sobre o processo de planejamento do Plano Diretor Participativo, que deve definir a Florianópolis que se quer e se pode ter. Elaborado desde de agosto do ano passado, o PDP tem como objetivo definir a melhor forma de ocupar o território de acordo com a função social da Capital, respeitando suas especificidades.
Segundo Rosa, a elaboração do novo Plano Diretor é fundamental, uma vez que os planos em vigor retratam uma cidade bastante diferente da que se tem de fato. O Plano Diretor do Interior da Ilha foi elaborado há 22 anos, sendo que o do Distrito Sede data de 1997.
O PDP está sendo discutido num momento em que a cidade vive reflexos de denúncias de alterações irregulares de zoneamento, fraudes na concessão de licenças ambientais, além de ocupação de áreas de preservação.
Outra questão preocupante é o sistema viário. Com uma das maiores frotas per capita do Brasil, há a necessidade de se buscar novas alternativas para o trânsito e melhorias no sistema de transporte coletivo.
Para Ildo Rosa, o grande diferencial do PDP é que este está sendo elaborado com a participação popular. “Estamos debatendo com as comunidades, num processo muito mais demorado, mais difícil e penoso. Mas pela primeira vez vamos tratar os conflitos na origem e as comunidades têm a chance de dizer o que querem”, completa.
(Natália Viana, A Notícia, 27/09/2007)