25 set Bicicleta é solução científica, não utopia
Buscar parcerias para a formação de uma rede de conhecimentos científicos sobre mobilidade ciclística é o objetivo da palestra que será realizada hoje em Florianópolis, às 9h30, no auditório da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc).
Segundo a presidente da Associação dos Ciclistas da Capital (Viaciclo), Giselle Noceti Ammon Xavier, a mobilidade ciclística não é apenas um assunto de jovens radicais ou um caso de segurança de trânsito. “Ela possui uma vasta fundamentação científica, que precisa ser articulada internacionalmente.” Gisele destacou que é importante discutir esse tema, pois o mundo todo está debatendo a questão de formas alternativas de transporte que não seja somente o de veículos automotores.
No último sábado, a Capital foi um dos municípios brasileiros participantes da campanha internacional de “Um Dia sem Veículos”. O próprio Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), prometeu para 2008 a ampliação do sistema de ciclovias na cidade, inclusive de bairros do interior da Ilha.
A palestra de hoje é uma iniciativa de duas articulações internacionais: o Bicycle Program Partnerschip (BPP) e o Cycling Academic Network (CAN). O professor holandês Mark Brussel, do Institute for Geo-Information Science and Earth Observation, divulgará os dois programas propondo parcerias com instituições brasileiras e buscando pesquisadores interessados em estudar a bicicleta como um meio de locomoção.
A Rede Acadêmica sobre o uso da Bicicleta como Transporte (Cycling Academic Network CAN) é uma das atividades do Bicycle Partnership Program(BPP), uma cooperação internacional para promover o uso da bicicleta como transporte. A meta é oferecer oportunidades para que cidades, organizações da sociedade civil e universidades integrem uma agenda internacional de atividades em sintonia com os estudos acadêmicos da rede CAN.
Ipuf projeta dia sem carro para os bairros da Ilha
O dia sem carro na Capital, segundo o presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Ildo Rosa, teve resultado animador. No sábado, as ruas do centro histórico, principalmente no entorno da praca 15 de Novembro, foram fechadas para automóveis.
“A participação popular foi muito boa. Já existe a idéia de fazer com que iniciativas como essa ocorram mais vezes. Em Bogotá (capital da Colômbia), por exemplo, a avenida central é fechada aos domingos para uso da população”, conta.
O próximo Dia Mundial sem Carros pode se estender para outros distritos. Apesar de todas as atividades realizadas no Centro, os postos da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) instalados no Sul e no Norte da Ilha registraram movimento nas rodovias estaduais parecidos com o de um sábado normal. “Temos que analisar quais locais têm estrutura para receber eventos como este, que melhora a dinâmica social e induz a população a recuperar seus espaços públicos”, afirma.
Segundo Rosa, a frota de veículos na Capital hoje é de 230 mil. “Esse é um número muito alto, incompatível com a realidade de Florianópolis”, acrescenta.
O incentivo ao transporte coletivo e a ampliação das ciclovias até o final de 2008 são dois dos projetos que devem ser implantados pelo Ipuf para melhorar o problema viário.
“Infelizmente muita gente critica os ônibus sem nunca ter usado esse meio de transporte.” Quanto às ciclovias, a expectativa é que o novo traçado permita uma integração maior entre a cidade.
Atividades educativas devem ser intensificadas
Outra medida que deve ser estimulada é a descentralização dos serviços, estimulando o comércio e as ações para os bairros. “Isso ajudaria a controlar o trânsito da Capital”, disse.
No Brasil, hoje, existem mais de 1, 2 milhões de veículos em circulação nas estradas . Por ano, morrem de 35 mil a 45 mil pessoas vítimas de acidentes de trânsito. O número é igual à soma dos 23 países que compõem a União Européia. Os dados negativos representam uma preocupação para o presidente do Movimento Nacional de Educação no Trânsito (Monatran), Roberto Alvarez Bentes de Sá. “O sistema viário brasileiro não está preparado para acompanhar esse crescimento anual da frota. Isso acaba gerando os problemas e os acidentes”, disse.
Sá aponta que um dos caminhos para reverter essa estatística negativa é a realização pelo governo federal de uma ampla campanha de trânsito que enfoque toda população. Paralelo a isso, outras ações educativas, como de orientação nas escolas são iniciativas positivas que tendem a melhorar e conscientizar a sociedade sobre os problemas no trânsito. “O trabalho de conscientização que os agentes fazem nas escolas é muito importante, pois eles educam essas crianças e jovens para o futuro”, avalia.
(A Notícia, 25/09/2007)