10 set Analfabetismo reduz na Capital
Há 11 anos, durante uma Conferência de Educação para Todos, na Tailândia, a Unesco criava o Dia Mundial da Alfabetização, comemorado amanhã. O objetivo da data era diminuir os índices de analfabetismo no mundo.
Apesar da situação ter melhorado, ainda hoje, cerca de 25% dos adultos e jovens de países em desenvolvimento ou pobres são analfabetos – 900 milhões de pessoas no mundo. Em Florianópolis, segundo o último censo do IBGE, em 2000, eram 9.360 pessoas acima dos 15 anos analfabetas.
Em junho deste ano, a Secretaria de Saúde de Florianópolis fez outro mapeamento com pacientes da cidade e constatou que o número de analfabetos na Capital era de 4.012 pessoas. Para ajudar neste problema, o setor de Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Prefeitura da Capital, criou uma base de dados para apontar o perfil das pessoas que freqüentam suas aulas.
Hoje, são 1.617 alunos, a partir dos 15 anos, matriculados em 13 núcleos existentes na cidade.
Para o diretor do Departamento de Educação Continuada, José Manoel Nunes, os números obrigam o poder público a investir não só em educação, mas também em saúde e infra-estrutura.
As regiões com maior número de pessoas sem estudo são as de Monte Cristo (319), Tapera (241) e Prainha (183). Nunes explica que o analfabetismo só pode ser considerado acima dos 15 anos, pois abaixo dessa idade, as crianças e os jovens estão em idade escolar e com reais chances de alfabetização.
Outra constatação do levantamento do EJA é de que 55,3% dos estudantes são de outras cidades. Cerca de 20% dos alunos vêm de outros estados, sendo que o Rio Grande do Sul e o Paraná lideram esta estatística.
Em sua maioria (56%), os alunos são jovens (menores de 24 anos), que se matricularam em algum núcleo educacional pela necessidade de garantir a certificação equivalente à oitava série do ensino fundamental.
Vale ressaltar ainda que 64% dos pais e mães dos alunos não têm o ensino fundamental completo, chegando a um índice de 90% de casos em que pelo menos uma pessoa do casal não tem esse grau de escolaridade.
“Isso comprova a necessidade de haver uma política pública nas áreas sociais e na educação, para prevenção de novas necessidades de escolarização fora da idade”, enfatizou Nunes.
Educação é defendida por dona de casa
A dona de casa Rosely de Souza Conceição esperou quase 50 anos de sua vida para retornar para a sala de aula. Há quatro anos, ela é um dos mais de mil alunos matriculados no projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Florianópolis. Segundo a estudante, a vontade de estar em contato direto com o mundo a motivou nessa busca. “Estudar pode ajudar a minha vida”, afirmou.
Para a professora do EJA Neusa Maria Rocha, o projeto educacional tem de ser defendido e valorizado, pois isso abre portas para todos os alunos e faz com que eles possam interagir mais com a sociedade. “O mundo está todo globalizado e é fundamental que estas pessoas consigam se comunicar, seja para pegar um ônibus, escrever um bilhete ou ler a bula de um remédio”, diz.
Escolas vão funcionar neste feriado
A maioria das escolas da rede municipal funcionarão hoje e amanhã. Algumas creches e Núcleos de Educação Infantil também terão atividades hoje. A decisão foi tomada pela Secretaria de Educação por necessidade de se cumprir o calendário escolar por causa da greve dos professores em junho.
Entre as creches, estarão abertas a do Jardim Atlântico, morro da Queimada, Professora Rosa Maria Pires (Agronômica), bem como os NEIs Canto da Lagoa, Colônia Z11 (Barra da Lagoa), Maria Salomé (Sambaqui), Orisvaldina Silva (Lagoa da Conceição), NEI Jurerê e Praia do Forte.
A greve durou 17 dias. As unidades devem ter 200 dias letivos de aula. Para cumprir a meta, nos feriados de 12 de outubro, 2 e 15 de novembro terão aulas.
Florianópolis é destaque positivo em estatística
No Brasil, de acordo com o último censo do IBGE, em 2000 foram registrados 17, 6 milhões de analfabetos. Florianópolis se destaca nas estatísticas positivas ao lado de 60 municípios brasileiros, com um índice baixo de analfabetismo (3,6%). A meta da Secretaria de Educação nos pró-ximos dez anos é baixar esse número para 1%.
Em alguns países da África e do Sul da Ásia, por exemplo, houve muito aumento nas taxas demográficas, além de guerras e conflitos, que obri-garam a um aperto orçamentário, levando a uma queda do gasto per capita em educação. Esse é um dos motivos apontados por especialistas para explicar a dificuldade da erradicação do analfabetismo. Além disso, embora os governos dos países em desenvolvimento invistam a maioria dos recursos da educação no ciclo básico (escola primária), os resultados não têm sido satisfatórios. Nos países pobres, a situação é ainda pior.
No entanto, especialistas esclarecem que só a limitação orçamentária não pode ser aceita como a única explicação para o problema do analfabetismo nos países pobres ou em desenvolvimento.
O trabalho de alfabetização ainda se mantém no fundo da escala de orçamentos tanto de agências nacionais quanto de doadores multilaterais.
Avaliação da rede municipal deve ser conjunta
A Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis fará uma avaliação institucional da rede de ensino de forma participativa. Nesta segunda-feira, a partir das 8 horas, vai ocorrer uma reunião com os diretores das unidades para apresentação do projeto e colher sugestões dos dirigentes de escolas, creches e Núcleos de Educação Infantil (NEIs). Os eixos centrais da avaliação serão os itens: es-cola, aluno, professor, família e comunidade escolar. No entanto, a definição dos indicadores de avaliação será feita em parceria com os diretores.
Segundo o presidente da comissão organizadora, Samuel Ramos da Silva, a prática participativa legitima o processo de avaliação e não deve ser encarado como um instrumento de julgamento ou punição, mas como uma maneira de melhorar, aperfeiçoar e criar novas práticas pedagógicas na rede de ensino. “Serão planejadas ações e políticas educacionais para aperfeiçoar o ensino em nossas unidades”, diz. O projeto piloto será aplicado ainda neste segundo semestre em unidades educativas voluntárias.
A rede municipal de ensino é composta hoje por 25 escolas básicas, 12 escolas desdobradas, 38 creches e 22 NEIs isolados e sete vinculados. No mês de julho, no ensino fundamental estavam matriculados 24.261 alunos e na educação infantil 8.355 crianças. O quadro de profissionais da educação é formado por 4.267 funcionários, sendo 1.959 professores e 442 deles pertencem à equipe pedagógica (administradores, orientadores, supervisores e auxiliares de ensino).
(André Luís Cia, A Notícia, 07/09/2007)