27 ago Temporada deve gerar 8 mil empregos
O verão começa oficialmente em dezembro, mas os reflexos da nova estação podem ser sentidos alguns meses antes. Na Grande Florianópolis, a expectativa é de que na alta temporada (de dezembro a março) sejam criados entre 6 mil e 8 mil empregos diretos somente no setor de turismo. O maior número de vagas será nos ramos de hospedagem e de gastronomia.
Assim como no ano passado, a expectativa da Secretaria Municipal de Turismo para o número de visitantes é positiva. Por outro lado, a Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Catarina (Fhoresc), teme que a oscilação do dólar possa atrapalhar a vinda de turistas, especialmente de argentinos.
Segundo o presidente da Fhoresc, Estanislau Bresolin, o preço do dólar tem sofrido grandes variações no mercado internacional. Uma das maiores diferenças vem sendo notada entre o Brasil e a Argentina, onde a moeda estrangeira passa por momentos distintos. Enquanto no Brasil ela vem se desvalorizando há meses, na Argentina ela está subindo. Bresolin diz que isso é negativo, pois grande parte dos turistas estrangeiros que desembarcam no Estado são argentinos.
Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Capital (SHRBS), Tarcísio Schmitt, o maior problema pode ser a continuidade da crise na aviação brasileira, que se não for controlada resultará diretamente no turismo. “Não há uma grande expectativa no crescimento de turistas para esta temporada”, prevê.
Schmitt afirma ainda que neste ano, ao contrário do ano passado, não teremos feriados prolongados, pois a maioria deles cairá numa sexta-feira, o que deverá interferir nas viagens das pessoas. Apesar disso, no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, a taxa de ocupação da rede hoteleira foi maior.
Secretário teme falta de verba
O secretário de Turismo de Florianópolis, Mário Cavallazzi espera que a cidade repita os números da temporada passada, quando mais de 1, 8 milhão de pessoas visitaram a Capital durante a alta temporada. Houve também aumento de gastos por parte dos consumidores, passando de US$ 22 dólares por dia para US$ 36 dólares diários. Ele cita que um dos fatores que contribuiu para esse aumento foram os importantes eventos culturais, esportivos e de negócios.
O único temor do secretário é a falta de recursos para alguns desses eventos tradicionais da cidade, como a Fenaostra, a Casa do Papai Noel, entre outros. “Nós não garantimos ainda verba para alguns deles, mas devo ir diretamente a Brasília lutar por isso”, garantiu. Sobre a geração de empregos, Cavalarei diz que a tendência é de que muitos dos funcionários temporários sejam efetivados após o término do contrato de trabalho. Ele prevê que os empregos ultrapassem os 30 mil diretos.
De acordo com a secretária-adjunta de Turismo, Daniela Seco, o primeiro grande evento que promete atrair muitos turistas a Florianópolis em 2007 será a segunda edição da Parada Gay, no dia 9 de setembro. Em outubro, será a vez da nona edição da Fenaostra.
Em novembro, a cidade recebe o Desafio Internacional das Estrelas, uma corrida de kart que contará com astros mundiais do automobilismo, como o ex-piloto Michael Schumacher.
Especialização é necessária
Apesar de ainda ser cedo para procurar emprego na área de turismo, já que as primeiras contratações para a alta temporada devem acontecer somente a partir de novembro, com a proximidade do verão, a sugestão dada por especialistas desta área é para que os candidatos aproveitem os próximos três meses para fazer cursos de de especialização ou de reciclagem se almejam uma efetivação no futuro.
Segundo a assistente administrativa do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Florianópolis, Cristiane Martinelli, os empregadores do setor de turismo preferem sempre funcionários que se adeqüem às exigências do mercado. “Quanto mais cursos estas pessoas tiverem, maior serão as chances de contratação e de efetivação após o fim da temporada de verão”, disse.
Somente os meios de hospedagem da Capital empregam hoje 6.747 funcionários e o setor de gastronomia, o número alcança 10.508. O primeiro setor deve gerar mais 5 mil vagas e o segundo, 3 mil novos postos de trabalho somente na Capital e na Grande Florianópolis. A profissão de garçom é uma das áreas mais procuradas no fim do ano por causa do crescimento de turistas na região. A média salarial da área é de R$ 550,00 por mês. Em eventos extras, eles podem ganhar de R$ 80,00 a R$ 100,00 por mês.
Trabalhador busca efetivação
Leonardo Silveira, 29 anos, e Daniel Jorge, 47, trabalham como recepcionistas num dos grandes hotéis da região: o Praiatur, na praia de Ingleses. Além do mesmo emprego, os dois têm outra característica em comum: foram contratados apenas para o período da alta temporada, mas acabaram sendo efetivados no cargo. Para eles, o que motivou a contratação e fez a diferença foi a vontade de ficar no emprego aliado ao empenho durante os meses que estavam em experiência.
Jorge veio de São Paulo no ano passado para visitar um irmão que morava em Ingleses e acabou se encantando com as belezas do local. “Me apaixonei por esta praia e decidi vir morar aqui de vez”, diz. Ele conta que pediu demissão do emprego que tinha como vendedor de lojas e logo conseguiu vaga como manobrista do hotel. Quando soube da abertura de um emprego na área de ajudante, se candidatou e conquistou a vaga. Há quatro meses trabalha na recepção e diz que pretende fazer cursos de idiomas e faculdade de turismo. “Toda pessoa consegue emprego se tiver força de vontade”, diz.
“Eu perdia muito tempo indo trabalhar todos os dias no Centro e a chance aqui foi muito bem vinda”, apontou. Ele acredita que uma das coisas que pode tê-lo ajudado foi a experiência de trabalho e o fato de ter feito intercâmbio nos Estados Unidos.
A garçonete Rosemeri Antunes também começou como temporária e foi contratada para a vaga num restaurante da praia dos Ingleses. Há quase três anos no mesmo emprego, ela diz que na alta temporada o local chega a contratar até 20 novos funcionários – hoje trabalham dez pessoas durante oito horas por dia.
(André Luis Cia, A Notícia, 26/08/2007)