02 jul Projeto situa Florianópolis na rota dos grandes cruzeiros
Um projeto milionário destinado a colocar a Capital catarinense na rota de cruzeiros vindos de todo o mundo busca apoio do poder público local e investimento da iniciativa privada para sair do papel: o Porto Turístico de Florianópolis.
De acordo com seu idealizador, o advogado Ernesto São Thiago, a idéia é trilhar uma tendência mundial, e construir um porto integrado a uma área de lazer no Bairro Estreito, na região continental da Capital, em um investimento de cerca de R$ 180 milhões, conforme antecipou, com exclusividade, o colunista Cacau Menezes.
A polêmica falta de estrutura para o atracamento de transatlânticos em Florianópolis, que só no último Verão passou a contar com uma poita (usado nas pequenas embarcações, em vez de âncora, para fundear) para facilitar o desembarque de turistas de cruzeiros, foi o que levou o advogado a elaborar o projeto.
O porto, que pretende gerar 5 mil empregos diretos e indiretos, seria destino de turistas vindos de todo o mundo, nos chamados cruzeiros de longo curso, que atualmente excluem a cidade de suas rotas.
Os cruzeiros de cabotagem, que percorrem a costa brasileira, continuariam fazendo escalas em Canasvieiras, no Norte da Ilha.
– Enquanto esse tipo de turista gasta uma média de US$ 100 (cerca de R$ 200) em breves passagens pela Ilha, queremos atrair aquele que pode deixar até US$ 500 (cerca de R$ 1 mil) por pernoitar na cidade e freqüentar restaurantes, bares e o comércio – explica São Thiago.
Com um cais alfandegado, com capacidade para quatro navios e movimentação simultânea de até 10 mil pessoas no local e uma marina voltada a grande veleiros, o chamado porto turístico também seria uma área de lazer, com espaço para gastronomia, cultura, compras e estudos.
A idéia ainda é construir um aquário gigante, que reproduza a biodiversidade marinha da Ilha do Arvoredo, no mesmo prédio em que seriam instaladas cursos de graduação ligados ao mar. O projeto inclui ainda um hotel e prevê a travessia gratuita Continente/Ilha e Ilha/Continente através de barcos.
– O porto vai diminuir o impacto sobre a Ilha e revitalizar o Estreito, local escolhido para sediar a construção por estar em uma boa localização, a dois dias de navegação do Pacífico e a sete do Índico. De lá, o turista pode ir para o interior do Estado ou para o Norte da Ilha com facilidade – afirma.
Empreendedor está atento à Copa de 2014
Outra razão para o porto ser instalado na Ponta do Leal, no final da Beira-Mar continental (atualmente em construção), é a proximidade com o estádio de futebol Orlando Scarpelli, onde deverão ser disputados jogos da Copa do Mundo de 2014, caso Florianópolis seja uma das sede do evento.
O empreendimento já consta no chamado caderno de encargos entregue pelo governo do Estado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como um dos argumentos para que a Capital receba o Mundial de 2014.
– Os fãs de futebol de todo o mundo terão a opção de chegar pelo mar: seja através de grandes veleiros ou dos maiores transatlânticos – projeta o idealizador.
Obra será financiada por um consórcio
A construção do Porto Turístico de Florianópolis deve começar em dois anos, financiada por um consórcio de empresas que pode ser liderado por uma empreiteira nacional ou por uma companhia internacional de cruzeiros.
As duas mostraram interesse em financiar o projeto, segundo o advogado Ernesto São Thiago, idealizador do projeto. Autoridades catarinenses também garantem apoio ao empreendimento. A obra foi considerada como “um sonho” pelo secretário municipal de Turismo, Mário Cavalazzi.
– Esse tipo de turismo implica recursos significativos para a cidade, por se tratar de um turista de alto poder aquisitivo que permanece no município por alguns dias e não apenas algumas horas – observa o secretário.
Para o comandante Hamilton Henrique, capitão dos portos de Santa Catarina, a construção aumentará a segurança para todas as embarcações, isso porque será feito um canal mais profundo para os navios transitarem, facilitando a navegação do trecho que começa na Ilha de Anhatomirim e vai até a Ponta do Leal. Além da segurança que proporciona, o desassoreamento garante águas mais claras e limpas, ressaltou.
A construção, inédita na América Latina, vai contar com deques flutuantes, tecnologia
desenvolvida pelo navegador Amir Klynk para diminuir o impacto nas correntes marinhas, e uma estação de tratamento de água de lastro – retirada do oceano e utilizada pelos navios para se manter estável, mas que pode carregar organismos indesejados e descarregá-los no porto de parada.
Além da maquete eletrônica e das negociações com os interessados na construção do porto, o advogado Ernesto São Thiago providenciou um estudo de impacto ambiental. A fase atual do projeto é de obtenção de recursos e de ajustes técnicos. Faltam definições como a área exata a ser ocupada pelo porto para que sejam solicitadas as licenças ambientais necessárias. As casas existentes hoje no local já seriam demolidas para a construção da Beira-Mar continental e os moradores deslocados para casas populares.
(Mariana Ortiga, DC, 01/07/2007)