13 jun Imóveis históricos estão esquecidos
A Associação Amigos do Estreito e a Associação Amigos do Parque da Luz (AAPLuz) deram a largada em movimento para resgatar a memória de parte da região continental de Florianópolis. O trabalho, realizado junto a órgãos públicos, será de levantamento de imóveis que podem ser preservados no entorno da Ponte Hercílio Luz, dentro da área protegida pelo tombamento do monumento histórico pelo governo federal, feito em 1997.
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Entidades que representam Estreito e Coqueiros buscam parcerias com Iphan.
Hoje, há apenas duas construções do Continente com essa situação registrada no Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf): o Portal Turístico, na entrada da Ponte Pedro Ivo Campos, e o Museu do Presépio, no Estreito.
O tombamento da Ponte Hercílio Luz pelo governo federal ocorreu através da portaria 78/97 do Ministério da Cultura, de 15 de maio de 1997. O documento definiu como protegida uma área de 1.262.983 metros quadrados no entorno da construção, dos quais a divisão aproximada é de 30% de área continental, 20% de área insular e 50% de área marítima.
Mobilização cria Parque da Luz
A idéia de tombamento da Ponte Hercílio Luz e seu entorno surgiu em 1988, quando a AAPLuz protocolou o pedido junto ao governo federal. Dois anos antes, a entidade havia surgido com o objetivo de recuperar a área da cabeceira insular da ponte, onde havia ocupações irregulares e acúmulo de lixo. “Isso aqui era um lixão e tinha alguns barracos com frigobar e televisão, o que é bem estranho”, conta Lúcio Dias, lembrando que o local era usado também por circos, que deixavam para trás restos de alimento e dejetos de animais.
O trabalho envolveu moradores da região do Parque da Luz e voluntários de toda a cidade. A área recuperada foi arborizada e hoje abriga espécies raras de plantas. “Foi um trabalho de educação ambiental e o resultado é que, onde antes havia ratos e baratas, agora há pássaros”, diz Dias.
Na região onde hoje fica o Parque da Luz havia entre 1848 e 1941 dois cemitérios, um católico e outro luterano (também conhecido como “cemitério alemão”). Depois da construção do cemitério São Francisco de Assis, no Itacorubi, a maior parte dos restos mortais foram transferido para o novo espaço. Com 3,7ha de área, o Parque da Luz é considerado área verde de lazer (AVL) desde 1999.
Objetivo é preservar patrimônio
Segundo Lúcio Dias da Silva Filho, conselheiro-geral da AAPLuz (entidade que entrou com pedido do tombamento da ponte na esfera federal em 1988), o objetivo é garantir o mínimo de descaracterização da região em volta da ponte e assegurar, por exemplo, que ela seja visualizada sem interferência de prédios. O levantamento feito pelas duas associações deve resultar em novos pedidos de tombamento.
O presidente da Associação Amigos do Estreito, Édio Fernandes, explica que há casarões próximos à cabeceira continental da Ponte Hercílio Luz em mau estado de conservação que podem ser recuperadas por meio do processo de reconhecimento do valor histórico. Segundo ele, a falta de mais imóveis protegidos na região demonstra falta de atenção com o Continente. “O Estreito tem várias áreas esquecidas, como o antigo Mercado Público. Não há quase nada tombado”, reclama.
A intenção de AAPLuz e Associação Amigos do Estreito é firmar convênio com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para realizar o trabalho de recuperação do patrimônio histórico da região continental compreendida na área protegida pelo tombamento da Ponte Hercílio Luz.
(Felipe Silva, A Notícia, 13/06/2007)