Como será Floripa em 2030?

Como será Floripa em 2030?

Por Fernando Marcondes de Mattos

Nasci há 68 anos nesta ilha e há 46 – quando falava com Alcides Abreu sobre turismo no lendário governo Celso Ramos iniciado em 1961 – tenho procurado analisar as modificações da minha terra natal, tentando descobrir os melhores caminhos para que esse processo se realize plenamente em harmonia com seu espetacular cenário natural e histórico.

Muitos são os desafios para isso, todavia parece-me bastante claro que o maior deles é obter um desenho da cidade num cenário de aproximadamente 20 anos, ou seja, como será Floripa em 2030? Falo, portanto, da premência de um planejamento estratégico, tal como fazem as empresas de sucesso. E uma cidade deve ser gerida com os mesmos critérios.

Neste exercício, inicialmente procurarei definir que modelo de cidade queremos (VISÃO) e como vamos estruturá-la para alcançar os seus sonhos (MISSÃO).

VISÃO (o que queremos para Floripa)

Destacar-se – internacionalmente – no conceito dos destinos turísticos como cidade:

economicamente forte;
ecologicamente sustentável;
socialmente justa;
esteticamente bela.

MISSÃO (o que fazer)

Unir os seus homens de bem na definição de uma cidade moderna e responsável e criar atrativos, destacando-se a valorização de seu patrimônio natural e histórico, de modo a conquistar – ao longo de todo o ano – grupos crescentes de turistas nacionais e internacionais, com vistas a obter empregos e rendas que beneficiem todos os florianopolitanos.

ALERTA 1: O turismo só é bom quando é bom para os seus moradores.

Prossigo apresentando a análise SWOT, normalmente usada nesse tipo de exercício:
S = Strengths (pontos fortes);
W = Weakness (pontos fracos);
O = Opportunities (oportunidades) e
T = Threats (ameaças).

Foco aqui a atividade turística, sem subestimar a importância de outras atividades.

PONTOS FORTES

-Beleza natural excepcional (praias, dunas, ilhas, morros, costões, enseadas);

-Localização geográfica privilegiada (cerca de 1200 km dos principais centros econômicos do continente – São Paulo, Buenos Aires e Santiago);

-Povo alegre, bonito e hospitaleiro.

PONTOS FRACOS

-Clima adverso, ao contrário do Nordeste, criando a indesejável sazonalidade;

-Gestão pública desaparelhada para gerir uma cidade sensível e complexa;

-Ausência de um empreendedorismo moderno e visionário.

OPORTUNIDADES (que podem transformar Floripa num destino turístico de padrão internacional)

-Criar avançados instrumentos de gestão da cidade que possam orientar o seu desenvolvimento e garantir a preservação dos seus bens naturais e culturais;

-Implantar equipamentos (marinas, parques temáticos, campos de golfe, campos de pólo etc.) que atraiam o mercado de altas rendas e gerem um turismo ao longo de todo o ano;

-Unir as forças políticas, econômicas e sociais na construção de uma cidade lúcida na definição dos seus valores, tornando-se modelo – em nível mundial – como “reserva da biosfera urbana”.

AMEAÇAS (que podem destruir a cidade)

-Generalizada poluição das praias, muitas já totalmente comprometidas, incluindo as baias norte e sul, e o processo desolador segue seu curso;

-Alastramento da insegurança, que já desceu os morros e hoje alcança os balneários, as vias urbanas, as casas e até as escolas;

-Paralisação das atividades econômicas sufocadas pelos radicalismos e proselitismos.

ALERTA 2: Duas coisas podem matar o turismo: a poluição e a insegurança.