21 maio Os shoppings da discórdia
Da coluna de Cesar Valente (De olho na Capitel, 21/05/2007).
Hoje lembrei-me de dar uma atenção especial aos milhares de leitores da coluna (e do jornal) que não moram em Florianópolis e que talvez não estejam entendendo direito, ou se localizando, em toda essa lama levantada pela operação Moeda Verde, da Polícia Federal.
Na TV apareceram gravações de alguns dos suspeitos. Destacam-se dois vereadores: o ex-presidente da Câmara e atual presidente da Santur, Marcílio Ávila e o ex-líder do governo e ex-diretor da Codesc, Juarez Silveira.
Tal e qual no futebol, cada um dos dois torce (torcia?) para um time. O Juarez é do time da Santa Fé (depois Shopping Santa Mônica e finalmente Shopping Iguatemi, com a entrada dos irmãos Jereissati no negócio). O Marcílio, do time do Floripa Shopping. Embora os dois apareçam, nas gravações, negociando entre si, fica também claro que, na briga dos shoppings, não basta viabilizar o negócio, é preciso criar problemas para o concorrente.
É neste cenário que foram criados obstáculos para um e para outro projeto e facilidades para um e para outro projeto. Os mesmos amigos que resolviam o problema de um time, tratavam de colocar água na cerveja do outro. E vice versa.
Pobre Mangues
Há poucos ambientes tão importantes para a vida marinha, para a pesca, para a qualidade da água e de toda a fauna, que os mangues. Só gente inculta (e tem muito rico ignorante) acha que não tem problema “ganhar” uma areazinha a mais, aterrando mangues. O desrespeito, neste caso, vem de séculos. Assim como a mata atlântica e demais florestas estão desaparecendo, os manguezais também estão sendo exterminados pela falta de visão humana.
E esses dois shoppings, que têm papéis tão importantes neste escândalo de corrupção, por coincidência (será?) localizam-se bem pertinho dos mangues. Eu até diria dentro dos mangues. Mas não quero me arriscar a alguma imprecisão. Aí, fui buscar, naquela extraordinária ferramenta que é o Google Earth, as fotos acima, de satélite, para ilustrar a localização deles.
Dirão os defensores, de um e de outro empreendimento, que eles não foram os primeiros nem os únicos a se estabelecer naquele naquelas imediações. E é verdade. Desrespeito ao ambiente é uma coisa mais ou menos contagiosa. Depois da porteira arrombada, a turma vai entrando sem muito cerimônia.
Não é à toa que os dois Shoppings foram chamados às falas pelo Ministério Público e tiveram que se submeter a alguns ajustamentos de conduta diante do juiz federal, para poderem funcionar.
E por falar nisso…
Como diz o filósofo esportivo Miguel Livramento, “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Os dois shoppings são centros de compra muito agradáveis, aparentemente bem construídos e não fosse a polêmica externa, não se teria queixa…
Quer dizer, exceto pelo fato da Estapar, empresa que administra o estacionamento do Iguatemi, conseguir criar tanto caso com os usuários. O estacionamento é pago. Donde o consumidor tem todo o direito que achar que será tratado com cortesia e respeito. Pura ilusão.
Dia desses aconteceu comigo, mas nem falei aqui, porque podia ser um fato isolado. Mas leio na seção dos leitores da coluna do Paulo Alceu, outras reclamações semelhantes e vejo que o assunto tem relevância.
O “sistema cai” de vez em quando. Como os “porteiros” ficam diante de computadores, quando o “sistema cai”, mal treinados e grosseiros, eles não fazem nada e reagem muito mal quando os motoristas cobram uma solução para o impasse.
Um deles, na entrada do estacionamento do Big (supermercado) chegou a me recomendar que eu desse ré e fosse ao Angeloni, do outro lado da rua. E os maus tratos e as filas demonstram que eles estão pouco se lixando para o consumidor.
Senti-me um idiota, parado ali, sem saber se o “sistema” voltaria, se a fila toda teria que manobrar ou nos deixariam entrar. Só não fui embora porque minha filha me esperava no supermercado. Mas acho que não voltarei lá tão cedo.