21 maio Denunciar não leva a nada?
Da coluna de Paulo Alceu (21/05/2007).
Diante dos episódios produzidos pela Operação Moeda Verde ficou claro que há obstáculos no serviço público, alguns deles estimulados, para dificultar a obtenção de licenças e qualquer tipo de documento colocando o cidadão numa condição de refém. O que se observa é que para vencer estes entraves a única maneira é recorrer a um servidor graduado, um vereador, ou seja, uma autoridade que tenha acesso a este limitador burocrático.
Não deveria ser assim. Pelo contrário. Mas quando isso ocorre você acaba devendo um favor. Ás vezes ele é cobrado, noutras não. Como se dá esta cobrança? Depende do tamanho da solicitação. Mas quando se fala de máquina emperrada lá estão pedidos e encaminhamentos dos mais variados. E a grande maioria dentro das imposições da lei. Mesmo assim são represados.
Mas tem aqueles que hoje estão na trilha da suspeita e sendo investigados pela Polícia Federal que de repente defendem esta confusão. Usam outros caminhos para alcançar seus objetivos. Estes nunca terão o interesse de denunciar a não ser para se defenderem. Quanto menos legal, melhor. Os verdadeiramente prejudicados são os que transitam pela legalidade e cumprem com suas obrigações.
E estas pessoas têm medo de denunciar. Sabe por quê? Temem represália das autoridades. É comum ouvir que não vai dar em nada e que pode estourar no lado mais fraco. E fica tudo por isso mesmo. Além disso, quando há uma reação acaba tropeçando na morosidade judicial ou na impunidade que às vezes a própria lei permite.
E agora? Calar? Se estiver correto lute por seus direitos. Não esmoreça. Pagamos uma alta taxa tributária para pelo menos sermos atendidos com dignidade e respeito. Não estamos alimentando a ilegalidade, apenas exigindo uma resposta ao que foi solicitado. Pode num primeiro momento ser um murro em ponta de faca, mas há meios de recuperar a cidadania.
Cabe ao poder público aproveitar esta ocasião para resolver problemas e não se esconder deles. Fazer um amplo levantamento do que realmente vem ocorrendo, uma espécie de auditoria para a partir daí remodelar a máquina estabelecendo prazos, regras e punições, porque não? Havendo ineficiência e vícios, que sejam combatidos. Mas se acomodar dizendo que é difícil, daí sim todos chegamos ao fim do poço. Esta na hora de dar uma resposta à sociedade com ações positivas e não defesas duvidosas. Só assim vai esvaziar a influência política maléfica.