04 maio Criação de área verde recebe apoio
A criação de uma “frente popular” para cuidar da implantação de um jardim botânico no bairro Itacorubi, na região central de Florianópolis, foi a principal definição de uma audiência pública realizada na Assembléia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na quarta-feira à noite. O grupo, formado por políticos, líderes comunitários, dirigentes de ONGs e empresários, deve agendar a primeira reunião para as próximas semanas. O jardim está planejado para ser construído em um terreno pertencente à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e próximo ao manguezal do Itacorubi.
Antes da criação da frente popular, havia uma frente parlamentar que discutia a implantação do jardim botânico com base em um projeto elaborado em conjunto por Epagri, Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O deputado César Souza Júnior (DEM) considera que o jardim deveria ter sido construído há mais tempo. “É um espaço fundamental de interação com a natureza e seria a primeiro área desse tipo no Estado”, diz.
Souza Júnior conta que o projeto prevê estufa para mudas, concha acústica e “museu do lixo”, um espaço onde a população aprenderia sobre a importância da reciclagem. Há a possibilidade de a Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) ceder para o projeto uma área onde antes ficava o lixão. “Com isso, teríamos dez hectares a mais para o jardim”, diz.
Na audiência pública, foi discutida também uma emenda do deputado Marcos Vieira (PSDB), aprovada dentro da reforma administrativa, que prevê o desmembramento e a alienação de 60,1 mil metros quadrados do terreno que, segundo o texto, tem um total de 327,3 mil metros quadrados – no entanto, a Epagri, via assessoria de imprensa, informou que a área total é de 24,3 hectares. O objetivo com a alienação, explica Vieira, é arrecadar recursos para investimentos em infra-estrutura na cidade.
Associação de Moradores diz que será nova atração turística
O presidente da Associação de Moradores do Itacorubi, Sandro Ferreira, considera positiva a criação de um Jardim Botânico no bairro. Ele acredita que o empreendimento criará empregos e será mais uma atração turística para a cidade. “É interessante ter um lugar como esse, onde você pode ir nos fins de semana com a família. Vai valorizar a Bacia do Itacorubi”, opina.
Ferreira, que vai participar da frente popular, conta que a implantação do jardim botânico alivia um temor da comunidade de que mais prédios fossem construídos no local. “Não temos estrutura para receber mais prédios. Nosso trânsito já é caótico e o bairro não tem rede de esgoto suficiente”, diz. A estimativa da Associação de Moradores, com base em um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, é de que 25 mil pessoas morem atualmente no Itacorubi.
A frente popular tem apoio também da União Florianopolitana das Entidades Comunitárias (Ufeco). A associação, no entanto, ainda não definiu se participará diretamente das discussões sobre a implantação do jardim botânico. “Nossa luta não é somente com relação à criação desse espaço, mas que as questões ambientais sejam discutidas em nível municipal”, explica o presidente da Ufeco, Modesto Azevedo. “Às vezes, entramos em choque com nossas próprias filiadas, mas precisamos pensar em toda Florianópolis e não apenas localmente”, completa.
Azevedo avalia que o jardim botânico ajudará na preservação do manguezal e diversificará as opções de atrações turísticas da cidade. Além disso, destaca, seria um espaço para a UFSC desenvolver pesquisas que vão trazer benefícios para Florianópolis.
(Felipe Silva, A Notícia, 04/05/2007)