O balanço do Verão

O balanço do Verão

Da coluna de Moacir Pereira (DC, 17/04/2007).

O turista que esteve em Santa Catarina no último Verão veio do Rio Grande do Sul (27,64% entre os nacionais) e da Argentina (87,81% entre os estrangeiros). A maioria ficou em casa de amigos (29,08%) e apenas 26,05% hospedaram-se em hotéis. E a maior parte visitou o Estado por indicação de parentes e amigos (63,09%). Parcela majoritária chegou de automóvel (82,99%), contra apenas 14,05% de ônibus e ínfimos 2,51% de avião. A média de permanência foi de 11,4 dias entre os estrangeiros e de 8,1 dias entre os nacionais. Os brasileiros gastaram US$ 29, em média, por dia, enquanto os de outros países aqui deixaram US$ 33,92.

Este o perfil da última temporada levantado pela pesquisa da Santur divulgada na Casa da Agronômica em ato presidido pelo governador.

Os números são indicativos do que deve ser mantido e o que precisa ser urgentemente alterado nos municípios que registram maior fluxo de visitantes no Verão. O primeiro trata do motivo da viagem: 83,63% vieram fazer turismo, enquanto apenas 16,37% a negócios. Isto significa que os empresários e as autoridades precisam somar esforços para quebrar a sazonalidade, com promoções e eventos fora do Verão. O complexo de Orlando, na Flórida, maior atrativo mundial em parques temáticos, hoje fatura mais com eventos de negócios, atividades esportivas, promoções artístico-culturais e outros empreendimentos do que no complexo Disney.

Crítica

Entre os atrativos turísticos, destaque para as belezas naturais, com 68,1%. Em segundo lugar aparece “visita a parentes e amigos”, com 19,91%, enquanto “atrativos culturais” fica com apenas 8,97%, e eventos, a insignificância de míseros 2,03%. Há, portanto, necessidade premente de resgate das tradições, do patrimônio histórico e das manifestações folclóricas das diferentes comunidades. Turista nacional ou estrangeiro vem a Santa Catarina pelas inigualáveis belezas de seu mosaico natural, é claro. Mas também à procura de enriquecimento artístico-cultural. E, neste campo, há muito por fazer, e bem-feito. Avaliar com critério o destino dos recursos da Secretaria de Cultura é providência inadiável. Os intelectuais continuam indagando, por exemplo, que benefício o Estado teve com os R$ 500 mil oferecidos à atriz Vera Fischer para encenar uma peça cujo conteúdo ninguém conhece e nem promoveu Santa Catarina. Ou patrocínios milionários a artistas de qualidade discutível, enquanto as raízes da cultura catarinense vivem de migalhas e os promotores culturais relegados.

Em termos de infra-estrutura, há crateras a ocupar. Quando a Ilha de Santa Catarina tiver umas três marinas do padrão da Tedesco, em Balneário Camboriú, mais eventos surgirão. Quando campos de golfe, como o do Costão do Santinho, forem construídos, a sazonalidade vai acabar, com turistas que trazem muito dinheiro e poucos problemas.

Não há mágicas nem fantasias. Apenas a razão e o bom senso.