Desafio é obter a participação dos moradores

Desafio é obter a participação dos moradores

A dificuldade de contar com ampla participação da comunidade no processo é uma das principais preocupações dos representantes distritais na Capital. Alguns integrantes do Núcleo Gestor alertam para a dificuldade recorrente em reunir os moradores de cada distrito, a maioria bastante abrangente.

O distrito sede, por exemplo, tem 150 mil habitantes, por isso foi divido em cinco subnúcleos. A divulgação do processo, conforme eles, estaria a cargo da prefeitura e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf).

– É necessário um plano de mídia para sensibilizar a população. A cidade não está respirando o plano diretor, como deveria, considerando a importância do processo – diz Modesto Azevedo, da União Florianopolitana de Entidades Comunitárias.

O presidente do Núcleo Gestor e diretor do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, Ildo Rosa, afirma que a divulgação está sendo feita na medida do possível.

– Trabalhamos com recursos da prefeitura. Não temos verba para um grande plano de mídia. O que os representantes distritais solicitam, como a produção de panfletos e a disponibilização de carros de som, nós oferecemos – afirma Ildo.

Outro aspecto reivindicado pelos líderes é a infra-estrutura necessária para que as leituras sejam feitas na comunidade.

– O kit que inclui mapas aéreos em 3D está prometido para este mês. Estamos buscando atender outro pedido, que é uma sede para cada distrito. Mas todos devem entender que partimos do zero nesse processo. Estamos criando uma estrutura que a Prefeitura não tem. No setor público, as ações não são imediatas – explica o diretor do Ipuf.

Outra reivindicação é que as discussões referentes à cidade passem pelos debates na comunidade. Um desse temas é o projeto de Reserva da Biosfera Urbana em Florianópolis, título concedido pela Unesco, que confirma e categoriza as zonas de preservação na Capital.

– A população deveria estar debatendo essa questão – afirma Kelly Cabral, do Núcleo Gestor pelo Fórum do Maciço do Morro da Cruz.

O Ipuf diz que a discussão não ocorrerá à revelia.

Opiniões

Carlos Magno Nunes, representante do Fórum da Cidade:
“Pela primeira vez, os moradores vão definir suas prioridades.”

Ildo Rosa, diretor do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis:
“Não temos cultura de participação, pois nunca foi de interesse do poder político. A cidade na ilegalidade se torna mais vulnerável e suscetível aos políticos de ocasião. O PDP vem com outra perspectiva de gestão democrática.”

Ruy Antônio Alves, representante do Distrito Sede:
“Pelo caráter inovador, que passa pela apropriação da própria realidade, o processo deve servir para, no futuro, fortalecer o movimento comunitário.”

Rodolfo Siegfried Matte Filho, chefe de normas urbanísticas na Capital:
“Temos pouca experiência em planejamento participativo, e o processo está sendo mais lento do que poderia ser.”

(DC, 22/04/2007)