09 abr Capital ganha estrutura para estimular uso de bicicletas
O Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) quer construir 350 quilômetros, entre ciclovias e ciclofaixas, na Capital, em 2007, de acordo com o diretor Ildo Rosa. O objetivo faz parte de um macroprojeto de implantação da opção de mobilidade urbana que ganhou fôlego no ano passado com a conclusão de obras de ciclofaixas na avenida Hercílio Luz até a Mauro Ramos, margeando o mangue do bairro Santa Mônica, e da ciclovia de Ingleses, além do rebaixamento em diferentes ruas do Centro e em bairros do entorno. “Nosso objetivo é criar uma estrutura sistêmica de rota segura para bicicleta, com começo, meio e fim”, declara Ildo Rosa. Ele lembra que a utilização da bicicleta como meio de transporte oferece diferentes benefícios, como redução da camada de ozônio, ordenamento viário, saúde e diminuição de custos. “A relação de custo/benefício é muito alta”, declara.
Ildo lamenta que nos últimos 10 anos os grandes investimentos da Capital foram direcionados ao automóvel. “As conseqüências foram estrangulamento do trânsito e aumento da poluição na cidade, com a ampliação da frota em 8,5%. Temos dois habitantes para cada automóvel, número maior do que em Brasília”, considera. O diretor explica que a otimização de novas opções de deslocamento é urgente, e que a Ilha está preparada para receber as ciclovias. “Estamos buscando parcerias e somos correspondidos”, informa, lembrando que a acessibilidade para ciclovias em Florianópolis deve ser regulamentada pelo Estatuto da Cidade. A programação do Ipuf prevê a implantação do sistema em etapas.
“Depois de concluídas todas as adaptações, será feita a sinalização dos roteiros com placas de regulamentação, alertando para limites de velocidade, locais de travessia e paradas obrigatórias, de acordo com critérios estabelecidos pela Lei Complementar no 106/2002, que instituiu o Manual do Ciclista”, afirma Ildo.
A coordenadora do projeto de ciclovias, Vera Lúcia Gonçalves, informa que a Prefeitura está em negociação com uma em-presa de Saint Etienne, na França, para a implantação em Florianópolis, de um sistema inédito no País. “Trata-se de estacionamentos públicos de bicicletas com serviço de locação, implantados em Lyon e Paris com muita aceitação”, considera. A arquiteta explica que o projeto seria testado inicialmente na área central, com os primeiros 30 minutos gratuitos e bicicletários interligados. “Se o contrato for fechado, a empresa francesa deverá financiar a implantação do programa”, informa. Mas para estimular o uso adequado do meio de transporte é preciso existir condições mínimas de equipamento”, observa Vera. “A questão das rotas passa pela oferta de infra-estrutura e pela educação”, afirma.
Como é impossível fazer ciclovias segregadas em toda a cidade, é necessário a utilização das vias locais. “Por conta disso, é preciso criar a cultura do ciclismo para promover a otimização dos espaços, melhorando a utilização de todos os usuários”, avalia a arquiteta, lembrando que atualmente o trânsito é inseguro a ciclistas e pedestres. “O convívio harmonioso é o princípio de tudo”, complementa. Vera informa que o projeto possui 46 rotas programadas na Ilha. “O levantamento foi realizado em parceria com uma consultoria holandesa, que apontou o que já existe de infra-estrutura, o que é preciso fazer e o que é possível melhorar”, informa. Vera conta que atualmente estão em curso as licitações para a ampliação da ciclovia da avenida Hercílio Luz, a implantação de ciclofaixa de ligação do Hospital Infantil, na Agronômia, com o Shopping Iguatemi, no Santa Mônica, e a ligação entre Canasvieiras e Ponta das Canas.
(Gisa Frantz, A Notícia, 08/04/2007)