Radiografia da Capital

Radiografia da Capital

A Capital catarinense conta hoje com uma população de cerca de 401 mil habitantes. Em 1991, eram 255 mil moradores, segundo o IBGE. Além do crescimento acelerado, sempre um óbice ao planejamento meticuloso e à correta aplicação de investimentos públicos no que concerne à escolha das principais prioridades e aos problemas infra-estruturais que merecem atenção imediata, Florianópolis precisa ainda driblar as dificuldades interpostas por uma geografia bastante peculiar. Situada em sua maior parte numa ilha, cujo território acidentado é recoberto em larga extensão pela Mata Atlântica, a Capital não encontra soluções fáceis para as questões ambientais, viárias, de abastecimento de água, de destinação do lixo, de expansão das áreas de moradia ou demarcação daquelas que possam servir ao empreendedorismo. Exatamente por isso torna-se indispensável que poder público, associações representativas da sociedade, instituições de pesquisa e cada cidadão – pelo voto – sejam devidamente ouvidos. Aconselha a sabedoria que, para problemas complexos que atingem a todos, as melhores respostas são aquelas formuladas pelo todo social, detentor de conhecimentos maiores e mais profundos do que aqueles retidos por apenas uma fração da sociedade.

A edição de ontem do DC trouxe aos leitores o caderno “Florianópolis, uma radiografia”, contendo dados coligidos pelo Instituto Mapa em sua pesquisa “Florianópolis e os florianopolitanos – quem somos e o que queremos ser”. Convém que aqueles que se propõem a dirigir a cidade tomem ciência dos resultados, embora as respostas tenham sido aquelas que o morador atento à vida da Capital já pode presumir. Segundo os entrevistados, as ações prioritárias são: ampliação da rede de água e tratamento de esgoto nos bairros (53% das respostas – cada entrevistado listou duas prioridades); limpeza de rios, lagoas e praias (53%); elaboração de legislação sobre a construção em encostas, morros e mangues (23%); despoluição das águas da Baía Norte (22%); projetos de proteção da vegetação nativa (20%); e recuperação das áreas verdes perdidas no perímetro urbano (18%). Acresça-se a esses itens citados pelos entrevistados também o maior cuidado com a segurança pública, o equacionamento do trânsito, o estímulo a vocações econômicas como as de alta tecnologia e o turismo racional e profissionalizado, além de investimentos em saúde e educação, por óbvio.

A pesquisa mostrou que os cidadãos da Capital estão cientes dos problemas que enfrentam e que exibem alto grau de consciência ambiental. É preciso que os administradores públicos atuem sempre de modo a responder positivamente às exigências e aos anseios dos florianopolitanos. Que governem acima dos interesses partidários ou particulares, que unam esforços com os demais setores da sociedade, enfim, que hajam com sabedoria, em proveito do bem comum.

(Editorial, DC, 26/03/2007)