Transporte do lixo reciclável

Transporte do lixo reciclável

Da coluna de Cesar Valente (Diarinho, 09/02/2007).

Li a reportagem em que o DIARINHO avaliza o novo sistema montado pela prefeitura da capital para transbordo do lixo reciclável. E os repórteres acharam o máximo o funcionamento da “estação” ao lado do teatro Álvaro de Carvalho, que “atrapalha menos que o caminhão da Skol”.

De fato, se comparar o transtorno que causa um caminhão de bebida parado em fila dupla com o transtorno de um caminhão parado dentro de um estacionamento, numa área reservada para isso, o “sistema” do Dário fica parecendo mesmo uma maravilha.

É fundamental para qualquer cidade civilizada, coletar seus recicláveis de forma eficiente. Maravilha que alguma coisa que o Dário tenha inventado funcione direito. Mas não é esta a questão principal e nem é isto que se discute. O problema é que a prefeitura parece não ter a menor noção do que são os espaços urbanos e para que servem.

Ao lado do teatro já teve ponto de ônibus, tem estacionamento de carro, agora tem também lugar para colocar lixo reciclável no caminhão. Então é compreensível que muita gente não entenda por que se critica o trambolho mais recente. Na cabeça desse pessoal pragmático da prefeitura, o estorvo é o teatro. Não o que fazem ao redor dele.

A reportagem do DIARINHO constatou, com alívio, que o local não vai se transformar em depósito de lixo. Já eu sou um pouco mais cético: o fato do lixo só passar por ali (as carrocinhas estacionam e o material é colocado num caminhão) mostra que a área ao lado do teatro foi considerada adequada para este uso. Para carga e descarga de lixo. Não serve para ampliar a praça. Não serve para um equipamento de lazer. Não serve para plantar uma árvore. O teatro é, de fato, um antigo estorvo urbano.