23 jan Transatlântico testa sistema provisório de ancoragem
O navio Island Escape, com 1700 passageiros a bordo, fará hoje às 10 horas o teste definitivo da eficácia do sistema implantado pela Santa Catarina Turismo (Santur) na enseada de Canasvieiras, no Norte da Ilha de Santa Catarina. O transatlântico será a primeira embarcação de grande porte a usar a poita (âncora fixada no fundo do mar) de 15 toneladas, a corrente de oito toneladas e a bóia com seis toneladas – esta instalada ontem de manhã.
“É um investimento mínimo, com muito retorno”, disse o presidente da Santur, Marcílio Ávila, que acompanhou toda a operação. Segundo ele, foram aplicados R$ 83 mil, e o restante doado pela Petrobrás com equipamentos. A bóia foi montada no final da tarde de domingo nas instalações de uma indústria pesqueira, junto às cabeceiras continentais das pontes entre a Ilha e o Continente, sendo transportada até a enseada de Canasvieiras pelo navio-rebocador Ceará, vindo do porto de Itajaí especialmente para viabilizar a instalação das pesadas peças.
A operação começou por volta das 9 horas, mas só pouco depois do meio-dia, a bóia foi lançada na água. Em seguida, foram soltas as correntes que prendem a bóia à âncora, enterrada na areia do fundo do mar e localizada a cerca de 10 metros de profundidade, distante cerca de dois quilômetros da praia de Canasvieiras.
É nesse ponto que pelo menos metade dos 1700 passageiros do Island Escape, a maioria brasileiros e alguns argentinos, vão desembarcar hoje de manhã, seguindo para o trapiche de Jurerê. “Estamos acertando para que o desembarque seja feito, por enquanto, em Jurerê, no trapiche da sede balneária do Iate Clube Veleiros da Ilha, até que o novo fique pronto”, destacou Marcílio.
O local desse novo trapiche, flutuante, vai depender de estudos que estão sendo contratados pela Santur, existindo pelo menos três opções de localização: Canasvieiras, Jurerê ou Daniela. “O mais importante foi feito hoje, pois essa poita vai dar segurança aos transatlânticos na hora do desembarque dos passageiros”, saliente Ávila.
O próximo passo será dado em março, com a assinatura de convênios com companhias de navegação dos Estados Unidos (EUA) e da Europa, visando garantir Florianópolis e outras cidades litorâneas no roteiro dos cruzeiros internacionais. “A recepção a esses turistas será feita em todos os municípios com infra-estrutura para receber as embarcações”, salienta Ávila, citando como exemplos as cidades de Porto Belo, Itapema, Imbituba e Florianópolis, entre outras.
Florianópolis entra na rota para substituir cruzeiros no Caribe
“Estamos há pelo menos quatro anos tentando instalar essa poita, e parece milagre que isso tenha acontecido tão rapidamente”, disse a empresária Lisiane Schaussard, representante em Santa Catarina da Island Cruises, uma das maiores companhias de navegação do mundo. Ela foi conferir de perto a instalação da bóia, ontem de manhã, e vai receber os passageiros do Island Escape que desembarcam hoje.
Com o apoio do secretário de Obras de Florianópolis, Aurélio Remor, Lisiane Schaussard conseguir a âncora da Petrobrás em outubro do ano passado. “Mas encontramos dificuldades para executar sua instalação”, destacou. A iniciativa, segundo Lisiane, chega na hora certa. “As empresas de navevegação vão substituir os cruzeiros no Caribe por roteiros em Santa Catarina”, disse.
O aumento da freqüência e da violência dos furacões e tempestades é uma das causas do abandono dos circuitos pelo Caribe. “Santa Catarina é a bola da vez dos transatlânticos, e Florianópolis a menina dos olhos das empresas que realizam esses roteiros”, destaca. “O comentário entre os executivos dessas empresas é que a região de Florianópolis é um Caribe mal aproveitado”, complementou.
Bóia emite sinal luminoso e tem segurança contra vandalismo
Segundo o coordenador geral de instalação dos equipamentos em Canasvieiras, Ernesto São Thiago, a manutenção do conjunto destinado à atracação de embarcações será mínimo. Além de cuidados para que a bóia não seja alvo de vândalos, será necessário substituir peças uma vez por ano. “A bóia possui 12 placas de zinco de 30 por quatro centímetros de tamanho, visando atrair o salitre e evitar a corrosão do metal”, explica.
Também será necessária a manutenção do sinal luminoso que será emitido pela bóia, usando como fonte a energia solar. O sinalizador tem como objetivo orientar os comandantes dos transatlânticos e evitar colisões de outras embarcações, devendo ser vistoriado periodicamente, visando garantir que continue funcionando.
A Capitania dos Portos de Santa Catarina, já emitiu um aviso oficial aos navegantes, informando sobre a exata localização geográfica da bóia com uso do GPS (localização por satélite). O comunicado é de leitura obrigatória pelas tripulações das embarcações, através dos quais são emitidos alertas e informações sobre as condições do tempo, entre outros serviços,
“Agora, vamos iniciar os contatos com os prefeitos dos municípios do litoral catariennse interessados na montagem de estruturas náuticas como a instalada aqui”, salienta Ávila. “Cada navio que chega assegura 60 empregos só na parte de recepção. Os restaurantes e o comércio de Florianópolis também serão beneficiados com os desembarques dos transatlânticos”, conclui.
(Celso Martins, A Notícia, 23/01/2007)