23 jan Catadores resistem a sair de sede embaixo da ponte
O custo do transporte pode adiar a mudança dos coletores de material reciclável que hoje trabalham na cabeceira insular da Ponte Pedro Ivo Campos, na Capital, para um galpão no Itacorubi. Segundo o presidente da Associação dos Coletores de Material Reciclável de Florianópolis (ACMR), Luiz Carlos Rodrigues dos Santos, os cem integrantes da entidade gastariam cerca de R$ 7 mil por mês com passagens de ônibus, o que inviabilizaria o deslocamento. “Seria mais fácil comprarmos um ônibus pagando em prestações”, ironiza.
A mudança do local onde os coletores fazem a triagem do material estava programada pela Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap) para a próxima semana, quando o galpão do Itacorubi estará pronto. A empresa comprometeu-se em doar 40 toneladas por mês de material reciclável que ela própria recolhe para os coletores venderem e pagarem o transporte, mas isso é pouco, na opinião do presidente da ACMR.
Luiz Carlos Rodrigues afirma que o material recolhido pela Comcap é composto basicamente de jornais e revistas – que são vendidos por R$ 0,04 o quilo – e o total arrecadado seria insuficiente para pagar as despesas com transporte. “De 40 toneladas, umas 30 vão ser de misto (papel, revista e jornal)”, calcula. A solução encontrada pela ACMR é pedir a doação de um ônibus para a entidade junto ao poder público.
Os coletores não queriam deixar o espaço que ocupam atualmente. “Aqui é melhor para nós. A maioria mora no Continente e vem trabalhar a pé ou de bicicleta”, conta Rodrigues. A mudança ocorrerá por causa do risco de acidentes – o local fica próximo a rede de energia elétrica e tubulação de gás que passam pela ponte, e o material coletado (principalmente papel, plástico e papelão) é inflamável.
Apesar da mudança do local de triagem do material, os coletores continuarão a trabalhar na região central da Cidade. O galpão na cabeceira da Ponte Pedro Ivo Campos será usado como “garagem” dos carrinhos usados. Mesmo com o impasse quanto ao transporte, o novo espaço agrada ao presidente da ACMR. “A estrutura é superlegal e tem tudo o que precisamos para trabalhar. Disso não podemos reclamar”, diz.
Comcap diz que lixo não será acumulado ao lado de teatro
A mudança do local de trabalho dos coletores gerou polêmica na última semana por causa da escolha de três pontos no Centro da Capital onde caminhões da Comcap recolherão o material coletado nas ruas da região central da cidade e levarão para o Itacorubi. A maior repercussão ocorreu no caso de um espaço ao lado do Teatro Álvaro de Carvalho (TAC). No entanto, segundo a ACMR e a Comcap, houve uma interpretação equivocada por parte da imprensa e da população em geral.
“Serão apenas lugares onde os coletores vão transferir o material para o caminhões, que vão passar em horários pré-determinados”, explica o diretor administrativo e financeiro da Comcap, Irineu Theiss. “Não vamos depositar nada nesses locais, apenas descarregar nos caminhões”, completa o presidente da ACMR, Luiz Carlos Rodrigues dos Santos. Outro dois pontos já definidos ficam ao lado do Direto do Campo e em frente ao Terminal Rodoviário Rita Maria. Segundo Theiss, no caso do terreno ao lado do Direto do Campo, não há risco de contaminação dos alimentos. “Estamos falando de material reciclável e não de lixo. É um material seco e que não atrai insetos ou outros animais”, afirma.
(Felipe Silva, A Notícia, 23/01/2007)