31 jan Aquecimento global em Santa Catarina
Seca, furacões e elevação do nível do mar. Essas devem ser as principais conseqüências do aquecimento global em Santa Catarina, segundo pesquisadores da área, que alertam para a possibilidade de um aumento de até 4ºC na temperatura no Estado.
A primeira constatação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é de que a região do Atlântico Sul, que vai do Litoral Sul do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, ficará mais vulnerável a tempestades e vendavais. De acordo com um dos pesquisadores do órgão, José Antônio Marengo, há duas previsões mais voltadas a Santa Catarina.
Uma delas, considerada otimista, prevê uma elevação de 1°C a 3ºC na temperatura e um aumento de 5% nas chuvas, que devem se concentrar em determinados períodos. A segunda previsão que inclui o Estado, mais pessimista, alerta para a elevação de até 4ºC nos termômetros e uma precipitação 10% maior, também mal distribuída.
– A concretização dessas previsões depende da conduta do homem daqui para frente, pois elas se baseiam em probabilidades previstas para ocorrer até o ano 2100 – observa o pesquisador e meteorologista José Antônio Marengo.
A agricultura é o setor que mais deve sentir os efeitos do aquecimento global no Estado, porque as chuvas devem aumentar, mas o calor e a evaporação também, e em proporção maior.
Alto consumo de energia aumenta risco de apagões
Como a atmosfera poderá mudar de forma acelerada, a probabilidade é de que as frentes frias passem rapidamente por Santa Catarina, dificultando a atividade agrícola.
O excesso de calor implica, ainda, em maior consumo de energia, não descartando o risco de apagões onde as fontes de abastecimento são hidrelétricas.
De 1960 a 2000, a Região Sul apresentou um aumento de 1,8ºC nas temperaturas mínimas registradas nas zonas urbana e rural.
– O maior problema é que as pessoas ainda não se conscientizaram, pensam que a conseqüência dessas questões será apenas o derretimento de geleiras em locais distantes e daqui a cem anos – ressalta o ambientalista do Greenpeace, Guilherme Leonardi.
As regiões costeiras são as que mais devem sofrer danos com os furacões e com a elevação do nível do mar. No caso de Florianópolis, em que a maior parte da cidade se localiza na Ilha de Santa Catarina, a situação pode se agravar nas partes mais baixas da Capital.
Segundo estudo do oceanógrafo Alexandre Mazzer, é possível que haja avanço dos mangues, do mar sobre a faixa de areia nas praias e a salinização de parte da água doce.
– Em 2050, o mundo inteiro já sentirá os efeitos do aquecimento em diferentes níveis. O que não se pode é precisar o que vai acontecer e quando, pois o que existe são probabilidades baseadas em pesquisas – explica Mazzer.
Quanto ao furacão Catarina, que surpreendeu os especialistas, ele diz que não há certeza se foi um sinal das mudanças climáticas.
– O aquecimento muda a forma com que a Terra distribui o calor que recebe da atmosfera, então, o furacão pode ter sido um meio encontrado pela natureza para dissipar o excesso de energia.
Faça a sua parte
– Prefira duchas rápidas aos banhos de banheira e feche o chuveiro enquanto se ensaboa
– Feche a torneira ao escovar os dentes, lavar as mãos e fazer a barba
– Use a máquina de lavar sempre com a carga máxima e ligue-a, no máximo, três vezes por semana
– Guardar alimentos quentes e usar a parte de trás como secadora faz o motor da geladeira gastar mais
– Se usar lavadoras, use sempre a lavagem a frio
– Verifique a possibilidade de trocar o chuveiro elétrico por um aquecedor solar
– Use a iluminação natural ao máximo e troque as lâmpadas incandescentes por fluorescentes
– Separe garrafas PET, latas de alumínio, papéis secos e outros materiais para reciclagem
– Não desperdice gás de cozinha, procurando usar fogo baixo sempre que possível
– Dê preferência aos meios coletivos de transporte, como ônibus e metrô, vá a pé ou de bicicleta
– Prefira carros com motor econômico, a álcool ou gás natural
Fonte: Greenpeace
(Mariana Ortiga, DC, 31/01/2007)