Reservas em hotéis na Lagoa estão 30% menor

Reservas em hotéis na Lagoa estão 30% menor

A pouco mais de um mês do início do verão, o setor de hotelaria da região da Lagoa da Conceição possui total de reservas cerca de 30% inferior ao da mesma época no ano passado. A estimativa é do empresário do ramo e diretor-geral da regional Lagoa da Conceição da Associção Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif/Lagoa), Juan Navarrete Garcia. “Temos acesso ao total de visitas aos sites de hotéis, pousadas e até este número está diminuindo”, conta.

Segundo Juan Garcia, a queda na procura por acomodação na região foi motivada pelos preços baixos dos pacotes de viagem para o Nordeste. “Acho que vamos perder feio para o Nordeste nesta temporada. Há pacotes muito bons para lá e promessa de sol e tempo bom durante o ano todo”, diz.

O diretor-geral da Acif/Lagoa defende que é preciso haver uma melhor divulgação dos destinos catarinenses para atrair mais turistas. “Salvo algumas exceções, você não vê ofertas de produtos catarinenses”, relata.

No entanto, a expectativa é de que o comércio no centrinho do bairro tenha um crescimento nesta temporada. O otimismo é justificado pelo que Garcia chama de “remodelação” do local, com melhorias no asfalto e calçadas novas. “Acho que o comércio da região vai, no mínimo, igualar o ano passado. Pior não vai ser”, acredita.

Uma das preocupações para a temporada é com o trânsito na região da avenida das Rendeiras. Todo verão, formam-se filas na via que liga as praias Mole, Joaquina e Barra da Lagoa. A solução do problema seria impedir que carros estacionem ao longo da avenida e construir mais estacionamentos na região.

“Os carros já foram proibidos de estacionar em um dos lados, e isso melhorou muito. Mas é preciso fazer bolsões de estacionamento. Há espaços na região, como ao lado da estação de tratamento da Casan”, sugere.

Poluição deve aumentar com a chegada dos turistas no verão

De acordo com os relatórios de balneabilidade da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), o número de pontos impróprios para banho na Lagoa da Conceição diminuiu nos últimos doze meses – de oito para um – em frente à rua Manuel Isidoro da Silveira. Isso, no entanto, não significa que falta pouco para despoluir o local, de acordo com o presidente do Comitê de Gerencimento das Águas da Bacia da Lagoa da Conceição, Alécio dos Passos. Ele aponta problemas como dejetos de animais, poluição por tinta de embarcações e por metais pesados como algumas das ameaças a um dos cartões postais de Florianópolis.

Ele credita a diminuição do número de pontos impróprios à ampliação da rede de esgoto e à conscientização dos moradores quanto à poluição. “Embora a população tenha crescido, a rede coletora também aumentou. E as pessoas estão adquirindo mais consciência am-biental. Fala-se disso nas escolas, em palestras e até na televisão”, diz.

Para o verão, porém, ele crê no aumento da poluição da Lagoa da Conceição com o crescimento do fluxo de pessoas na região. “Com a população local, de cerca de 35 mil pessoas, a lagoa já está saturada”, diz o presidente do comitê, ressaltando que o número elevado de construções irregulares na região agrava o problema.

Cães e gatos

Passos defende que o próximo passo é fazer um trabalho de conscientização quanto aos dejetos de animais. Cães e gatos domésticos e de rua são apontados por ele como poluidores da lagoa. “Claro que a culpa não é dos animais, mas sim dos humanos. Muitas pessoas não levam os coletores de dejetos de seus animais, e a chuva leva a sujeira deles para a água”, explica.
Há estudos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que comprovam a poluição da Lagoa da Conceição por metais pesados. As causas seriam o óleo das embarcações e um tipo de tinta usado na pintura de barcos de pesca conhecida como “tinta envenenada”. Ela contém um produto que impede a fixação de algas e moluscos no casco da embarcação e está proibida na Europa há 25 anos. “Esses metais entram na cadeia alimentar e vão se acumulando. Eu, que sou nativo da Lagoa da Conceição e sempre comi peixe daqui, devo estar contaminado”, acredita.
(Felipe Silva, A Notícia, 17/11/2006)