04 ago Cerca em Carijós causa polêmica
O cercamento de uma área de 3 mil metros lineares pertencente à Estação Ecológica de Carijós, noroeste da Ilha de Santa Catarina, tem intrigado moradores de Ratones, que questionam os motivos, aspectos legais e estéticos do equipamento, além da mudança de posicionamento da cerca e o roçado da vegetação herbácea.
O analista ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e chefe da estação, Apoena Figueiroa, esclarece que o isolamento da área foi a única solução economicamente viável para inibir os catadores de caranguejos e a pesca predatória no local. “O problema é muito sério e não podemos fiscalizar durante 24 horas porque não temos pessoal para isso”, disse. O ambientalista lembra que a mesma providência foi tomada na gleba do Saco Grande, isolando 600 metros de mangue dos predadores com resultados positivos. “A cerca não impede a prática, mas dificulta”, justifica.
Figueiroa conta que o cercamento em Ratones começou a ser realizado na área de domínio da rodovia e depois interrompido por um erro de comunicação entre o Ibama e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Deinfra). “Nossa idéia inicial era fazer a obra sem necessidade de roçar a vegetação, mas o Deinfra ponderou que a cerca próxima à estrada poderia significar perigo de acidentes ou dificultar manutenção de rede elétrica”, declarou.
Gestão conjunta
O analista disse que então os órgãos decidiram pelo recuo do isolamento para atrás dos postes. “Por conta disso, foi necessário fazer roçado da vegetação de mangue, mas estas herbáceas crescem em apenas dois meses e a atitude não atinge o meio ambiente”, garantiu. Os recursos para a obra estão sendo bancados por um shopping na SC-401, atendendo Termo de Acordo Judicial assinado pelo empreendedor com o Ministério Público em troca da utilização de área da União.
Outro motivo questionado pela comunidade é a colocação de uma placa da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo ao lado da sinalização da Estação Ecológica de Carijós. Figueiroa explica que está sendo realizado trabalho de gestão integrada entre as unidades, que inclui também a Área de Preservação Permanente do Anhatomirim e a sede fica na estação. O analista ambiental avalia que a experiência de unir a gestão por mosaico está sendo muito produtiva. “Além de suprir as carências de pessoal, equipamentos e recursos técnicos, as decisões são mais discutidas e democráticas”, opinou.
A Estação Ecológica de Carijós possui uma área de 712 hectares e abrange a maior parte dos manguezais de Ratones e do Saco Grande. A vegetação é típica e bem preservada. A sede administrativa fica na rodovia SC-402, Km 2.
(Gisa Frantz, A Notícia, 04/08/2006)