Obra da ETE Sambaqui atrasará um ano

Obra da ETE Sambaqui atrasará um ano

A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) desistiu de lançar os efluentes da futura estação de tratamento de esgoto da Barra do Sambaqui junto à foz dos rios Ratones e Veríssimo, como previsto no projeto inicial. Em vez disso, vai encomendar estudos oceanográficos e de impacto ambiental para a construção de um emissário que leve o esgoto tratado até o meio da baía Norte. A decisão, que adiará o início da obra em mais de um ano, foi comunicada ontem pelo assessor da diretoria de operações da Casan, Nelson Bittencourt, durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Florianópolis para discutir a construção da Estação.

O projeto inicial previa o lançamento do esgoto ao lado de uma zona de manguezais (área de preservação permanente) e nos limites da Estação Ecológica de Carijós, reserva ambiental federal. A idéia provocou oposição de associações de moradores e entidades ambientais, além de pareceres contrários da Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que recomendou os estudos para a alternativa de um emissário – tubulação em parte subterrânea e em parte submarina para levar os efluentes ao meio da baía.

Para o diretor de Meio Ambiente da Associação dos Moradores da Barra do Sambaqui, Ralph Wagner, a solução apresentada pela Casan não resolve o problema. “A Casan optou pela solução mais econômica, com estações baratas e de baixa eficiência, e não adianta construir um emissário para mandar o esgoto para a baía, onde não há circulação de água”, argumentou Wagner. Um emissário teria de ser construído levando os efluentes para o mar aberto, a uma distância de nove quilômetros ao norte, ou se buscar outra solução, como infiltração em dunas, levando até Ingleses”, sugeriu.

O engenheiro do setor de projetos da Casan Alexandre Philippi, explicou que as opções de bombear o esgoto para Ingleses ou estender o emissário até o mar não são viáveis por falta de recursos para isso. “O que vamos levar até a baía não é esgoto in natura, mas com tratamento secundário, que elimina entre 85% e 90% dos poluentes”, disse. “Tratar mais de 90% é muito caro, e a Casan não conseguiria obter recursos para isso”, justificou. Está acertada a elaboração de um termo de referência, com a colaboração de cientistas da cidade que tem estudado a circulação das águas na baía Norte, para orientar os estudos sobre o emissário.
(Carlito Costa, A Notícia, 04/07/2006)