23 jul Cresce a insegurança
Da coluna de Moacir Pereira (DC, 23/07/2006):
O terrorismo da bandidagem contra as instituições, em São Paulo, transfere uma terrível sensação de insegurança para o resto do Brasil. O cidadão comum, que se vê bloqueado pelas portas giratórias nas agências bancárias, não entende como os celulares continuam dentro dos presídios.
As estatísticas sobre os acidentes nas rodovias federais não deixam dúvidas. O Iraque é aqui. A BR-101 está transformada em novo faroeste. A única diferença é que nos filmes os assassinos usavam armas de fogo. Motoristas embriagados matam inocentes, pagam fianças indecorosas e são liberados impunemente, protegidos por uma legislação jurássica.
Circular à noite, no Centro de Florianópolis e de outros centros urbanos, é uma atividade riscada de roteiros turísticos.
Até de dia já está ficando perigoso. As praças são, agora, ocupadas por bêbados maltrapilhos e traficantes abusados que debocham do povo nas barbas da polícia.
Exemplos da insegurança pessoal que crescem de forma assustadora. Virou praxe: os bandidos estão soltos e já exigem até TV de plasma, enquanto as famílias vivem trancadas em apartamentos e residências cobertos de grades, alarmes, câmeras e cercas elétricas.
Florianópolis está vivendo outro tipo de insegurança: a jurídica. Os empreendedores não têm mais garantia para seus negócios. Mesmo com as licenças oficiais nos diferentes níveis e as autorizações ambientais de todos os órgãos, correm o risco de embargos surpreendentes. Há um caso emblemático, que seria trágico se não fosse cômico. Um conjunto de apartamentos no Norte da Ilha foi bloqueado quando o incorporador anunciava a entrega das chaves aos proprietários.
O caso mais recente envolve o Santa Mônica-Iguatemi Shopping Center. A construção está totalmente paralisada há 10 dias, devido a uma decisão judicial. É um empreendimento que vai gerar 1,7 mil empregos diretos e mais do que o dobro em indiretos.
A previsão de inauguração para dezembro terá que ser revista. Os 800 operários, técnicos e engenheiros que executavam o projeto estão de braços cruzados há 10 dias. Mais de duas mil pessoas, centenas de jovens, que ficarão sem trabalho, terão salários e empregos dos traficantes.
Pergunta que não quer calar: a Justiça, por acaso, vai demolir o gigantesco prédio em construção? As obras do novo sistema viário, já adiantadas, serão canceladas? Há algum empreendimento daquele porte que foi implodido no estágio em que se encontra por decisão judicial?
Florianópolis tem 60 favelas. A explosão demográfica na periferia, causada pelo êxodo rural, é assustadora. Sua vocação para a geração de novos empregos está definida: turismo, informática e serviços.
Pois se as autoridades, o poder público e as instituições querem mais qualidade de vida que decidam: ou se adota uma postura de bom senso em relação aos empreendimentos que geram empregos, ou que se preparem para o pior. A insegurança jurídica afugenta investidores e, pela falta de empregos, vai multiplicar a onda de violência e de criminalidade.