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Sombra e água suja

Se o movimento no Verão que se aproxima está diretamente ligado à elevação no número de praias impróprias para banho, os índices de balneabilidade do litoral do Estado já preocupam.

A poucos dias do início da temporada, que despeja uma quantidade de turistas equivalente a duas ou três vezes à da população fixa dos municípios, 43 pontos estão impróprios na costa catarinense, conforme o último relatório da Fundação do Meio Ambiente (Fatma).

O órgão também adiantou ao Diário Catarinense alguns dos locais que apresentaram condição imprópria para banho em todas as análises nos últimos cinco anos, configurando um problema ininterrupto que é ameaça constante à saúde.

No último relatório da Fatma, emitido no dia 19, foram considerados impróprios 43 dos 182 pontos testados no Estado. Juntamente com o levantamento que analisou os últimos cinco anos de relatórios de balneabilidade, o dado revela que o argumento de que o volume de turistas em SC durante a temporada é a principal causa da poluição das águas é parcialmente falso.

Este é um problema constante do Litoral catarinense. O relatório divulgado em 16 de fevereiro de 2007, período de alta temporada, por exemplo, mostra 46 pontos impróprios, três a mais que o último levantamento. No entanto, a ocupação do litoral no Verão é um fator que influencia nos relatórios.

– As cidades são projetadas para um número de habitantes, só que durante o Verão ele é multiplicado. Uma cidade de 300 mil habitantes pula para um milhão, mas a capacidade é bem menor do que essa. Mesmo que exista um sistema de tratamento, ele foi projetado para uma determinada quantidade de esgoto – alerta Marlon Daniel da Silva, responsável técnico pelo laboratório da Fatma. – Se a demanda cresce muito, o sistema pode entrar em colapso e não tratar nada.

Para ele, falta um sistema de esgoto adequado para o número de visitantes que algumas praias do Estado recebem. Além disso, existem muitas ligações clandestinas de esgoto.

Praias de mar aberto são menos afetadas

O crescimento das cidades não é acompanhado pelo incremento no sistema de esgoto. A Vigilância Ambiental da Capital confirma o quanto a falta de infra-estrutura contribui para a contaminação das águas.

– O problema é a rede de coleta e tratamento de esgotos insuficiente nos balneários da Ilha. Desaconselhamos sistemas de tratamento individuais (fossa e sumidouro), que, muitas vezes, não propiciam o tratamento correto por falta de manutenção – alerta Naro Pereira Ramos, assessor do órgão.

Outros fatores que podem influenciar no resultado do relatório são a quantidade de chuvas (alguns pontos normalmente próprios podem mudar de condição após precipitações), as marés, o vento e a própria a fisiografia da praia – praias de mar aberto, como Joaquina e Moçambique, na Capital, tem menor chance de contaminação expressiva em função de troca fluída maior.

Contraponto
O que dizem prefeituras e órgãos responsáveis dos municípios citados Itapema – Conforme o vice-presidente da Fundação Ambiental Costeira de Itapema, Carlos Antonio dos Santos, o novo sistema de esgotos, que corrigirá o problema de contaminação nos pontos em frente às ruas 205 e 227, deverá ser ligado até o final desta semana. Para o canto da praia, em frente à Rua 113, o projeto de desvio das galerias de esgoto deverá ser iniciado em 2008.
Balneário Camboriú – O secretário interino de Meio Ambiente, Eduardo Cartamil, disse que um sistema de coleta e estação de tratamento compacta em Taquaras, que ajudaria a despoluir a Lagoa de Taquaras, será inaugurado ainda em dezembro. Quanto ao problema de contaminação do pontal norte, Cartamil alega que ele é ocasionado pelas limpezas e dragagens constantes do Canal de Marambaia. O secretário lembra que a rede coletora de esgoto está em constante ampliação, e que, até 2008, deve diminuir em 40% os níveis de poluição.
Florianópolis – Dentre os pontos classificados como impróprios em Florianópolis, autuações estão sendo realizadas na Lagoa de Ponta das Canas, no Rio Sangradouro, nas praia de Balneário, do Meio, do Bom Abrigo e do Matadouro, conforme Naro Cícero Pereira Ramos, assessor de Vigilância Ambiental. Apenas no Rio Sangradouro já foram emitidos 200 autos para a adequação dos sistemas de esgotos irregulares, segundo o órgão. Na área da Lagoa da Conceição, as autuações estão programadas para começar em dezembro. Para a despoluição da Beira-mar Norte e da Praia de José Mendes, não existem projetos na Vigilância Ambiental.
Denúncias de ligações clandestinas de esgoto em Florianópolis podem ser feitas por meio do serviço Pró-cidadão, pelo fone (48) 3251-6400. A Vigilância Ambiental recebe mais de 2 mil denúncias por ano.
Penha – O secretário de Planejamento do município não foi localizado e não retornou as ligações até o fechamento desta edição.
A análise
A pesquisa de balneabilidade é realizada pela Fatma desde 1976, seguindo as normas de resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Ela começa com a coleta de amostras da água do mar em 182 pontos nos 500 quilômetros da costa catarinense. A Fatma seleciona esses pontos de tal forma que todo o Litoral seja avaliado, concentrando as coletas justamente nos locais mais suscetíveis à poluição – os de maior fluxo de banhistas. Elas são feitas mensalmente, de março a novembro, e semanalmente, de dezembro a fevereiro, no pico da temporada de Verão.
Como é feita
Os técnicos fazem as coletas da água do mar a um metro de profundidade, 250 ml em cada ponto. O material coletado é submetido a exames bacteriológicos durante 24 horas. São necessárias cinco semanas consecutivas de coleta para se obter um resultado tecnicamente confiável. O ponto é considerado impróprio para banho quando, em pelo menos 80% dos últimos cinco resultados, o volume de escherichia coli (presente nas fezes de animais de sangue quente, incluindo o homem) for superior a 800 NMP (Número Mais Provável) por 100 ml de água nas amostras coletadas, ou quando, na última amostragem, o valor obtido for superior a 2 mil NMP por 100 ml de água. Quando o resultado obtido pelos técnicos considera a amostra imprópria, isso indica que há o risco de contaminação naquele local, e não necessariamente que a poluição exista.
Perigos
A água contaminada pode causar doenças como gastroenterite, verminoses, doenças de pele e até doenças mais graves, como hepatite, cólera e febre tifóide.
Fonte: www.fatma.sc.gov.br
Para saber mais
No site da fundação (www.fatma.sc.gov.br) pode-se consultar os relatórios de balneabilidade recentes e também todas as pesquisas feitas nos últimos cinco anos. Pela linha 0800-6441523 também é possível obter informações a respeito da balneabilidade das praias. A partir de 1º de dezembro, os relatórios serão divulgados semanalmente.

Sinalização nem sempre é confiável

O meio de comunicação que deveria ser o mais eficaz entre a Fatma e os banhistas é bastante frágil. Dois problemas afetam a sinalização das placas indicativas, alocadas nos pontos analisados pelo órgão.

O primeiro é que a placa que está hoje afixada faz referências à média das análises realizadas nas cinco semanas anteriores e não à da semana atual. Outro problema é a depredação.

– Uma vez achamos quatro placas escondidas em um bar de uma praia que apresentava condição imprópria constantemente – conta Marlon Daniel da Silva, responsável técnico pelo laboratório da Fatma.

O técnico alerta que a palavra “própria” é grafada em verde, enquanto “imprópria” em vermelho. Por isso, se o banhista observar uma placa indicando condição própria em vermelho, é sinal de que foi adulterada.

– É preferível e mais seguro ligar para a Fatma ou procurar no site as informações sobre a balneabilidade – alerta o técnico da Fatma.

A sinalização também é ignorada. A dona de casa Rosângela Melchioretto não abre mão de se banhar perto de casa, no pontal norte de Balneário Camboriú, ainda que o local esteja normalmente impróprio. A filha Scarlete, de oito anos, também.

– Ela nunca teve problema nenhum, vem aqui desde que nasce.

No Norte da Ilha, a Lagoa de Ponta das Canas, que desemboca no mar, é outro ponto impróprio onde é comum se deparar com crianças tomando banho.

Pontos impróprios
Dados do último relatório divulgado pela Fatma, em 19 de novembro
Balneário Gaivotas
– Arroio da Praia Gaivotas (sob a ponte de concreto, Av. Beira-Mar, entrada da praia)
Balneário Arroio do Silva
– Praia do Arroio do Silva, na foz do arroio
Balneário Camboriú
– Praia de Taquaras, Lagoa de Taquaras
– Praia de Bal. Camboriú, pontal norte
Barra Velha
– Lagoa da Barra Velha, Rua Santa Catarina, altura do nº 336
– Praia da Barra Velha, no salva-vidas
Biguaçu
– Praia de São Miguel, diante do aqueduto
Bombinhas
– Praia de Bombinhas, em frente à Câmara de Vereadores
– Praia do Canto Grande, canto esquerdo
Florianópolis
– Lagoa da Conceição, nos trapiches dos serviços de transportes
– Lagoa da Conceição, em frente à Rua Manuel Isidoro da Silveira
– Praia da Armação, foz do Rio Sangradouro (entre a Armação e o Matadeiro)
– Praia da Beira-Mar Norte, em frente ao monumento da Polícia Militar
– Praia de Ponta das Canas, altura do número 5.281 da Estrada Geral (na lagoa)
– Praia do Balneário, em frente à Rua José Cândido da Silva
– Praia do Bom Abrigo, em frente à Rua Teófilo Almeida
– Praia do Jardim Atlântico, em frente à Rua Elesbão Pinto da Luz
– Praia de José Mendes, meio da praia
– Praia do Matadouro, Belmira Isabel Martins
– Praia do Meio, no meio da praia
Itapema
– Praia de Itapema, em frente à Rua 113
– Praia de Itapema, em frente à Rua 227
– Praia de Itapema, em frente à Rua 205
– Praia de Itapema, à dir. do Rio Bela Cruz
Laguna
– Lagoa de Cabeçudas, em frente ao Km 313 da BR-101
Navegantes
– Praia de Navegantes, à Rua 8.150
– Praia de Navegantes, na foz do Gravatá
Passo de Torres
– Braço morto do Rio Mampituba, em frente ao salva-vidas próximo à ponte
Penha
– Praia Alegre, em frente à travessa particular Marcelo dos Santos
– Praia Alegre, foz do Rio Piçarras
– Praia da Armação do Itapocorói, em frente à Rua Inês de Souza
– Praia da Armação do Itapocorói, em frente à Rua Fortaleza
– Praia da Armação do Itapocorói, em frente à Rua Maria Emília Costa
– Praia da Armação do Itapocorói, em frente à Rua Antonio Aniceto da Costa
– Praia de São Miguel. diante da principal
Porto Belo
– Praia de Perequê, foz do Perequezinho
– Praia de Perequê, em frente à Rua Almirante Fonseca Neves
– Praia de Porto Belo, em frente à Rua João Climaco, ao lado do trapiche
– Praia de Porto Belo, em frente à Rua João B. Guerreiro
– Praia de Porto Belo, em frente à Rua Capitão Gualberto Leal Nunes
São Francisco do Sul
– Praia dos Ingleses, em frente ao retorno
– Praia dos Ingleses, à direita do trapiche
São José
– Praia de Guararema, canto esquerdo

(Laura Coutinho, DC, 25/11/2007)

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