Celesc e Epagri assinam protocolo de apoio à gestão do “verde” urbano
22/09/2008
As multas ambientais
22/09/2008

Em 21 de setembro, na véspera do início da primavera, comemoramos no Brasil o Dia da Árvore. A oficialização da data foi inspirada nos nossos índios, que cultuavam as árvores antes do começo da primavera, quando preparavam o solo para o cultivo. A árvore traz consigo um simbolismo universal. Significa longevidade, prosperidade, solidez, a árvore representa a vida. E realmente, árvores de todos os tipos, sejam de qualquer espécie, baixas ou altas, jovens ou centenárias, nos fazem sentir o poder da natureza, e uma enorme paz de espírito. Isto mesmo, as árvores têm poder terapêutico, descansam a visão, acalmam. Ao redor de nossa casa, as árvores mantêm um micro-clima agradável e agem como verdadeiras barreiras, nos protegendo da poluição sonora, nos dando mais privacidade, retendo o vento e a poeira, etc. Conforme o homem vai diminuindo a cobertura vegetal do planeta, mais ele vai descobrindo outras utilidades e benefícios proporcionados pelas árvores. É uma pena que esta descoberta se dê pela falta que elas fazem. Pois não deveria ser assim, já que desde a pré-história tinha-se a consciência da importância das árvores para o suprimento de necessidades básicas como: abrigo; alimento; matéria-prima; e energia.

Alguns milhares de anos depois, a coisa não mudou, descobrimos outras diversas utilidades e benefícios, mas continuamos utilizando as árvores para construção de nossa moradia; como fonte de matéria-prima e alimentos; e como fonte de energia. É preciso que as pessoas tenham ciência de que TODOS os seres humanos da face da Terra, sem exceção, usam matéria-prima oriunda das árvores durante toda a vida. E usam muito mais do que imaginam. Hoje temos siderurgia, termoelétricas, industrias, construção civil, carvão, papel, combustíveis, colas, vernizes, resinas, tintas, gomas, cortiça, uma infinidade de objetos, e todos dependem da madeira. Chegamos ao mundo e somos colocados em um berço, o deixamos e nos colocam em um caixão, ambos de madeira. Mesmo o cidadão com menor poder de consumo, e nos locais mais remotos, consome madeira, por exemplo ao usar a lenha como combustível.

O fato é que: 1) não existe uma pessoa que possa afirmar que não usa, todos os dias de sua vida, a madeira e seus derivados; 2) esta utilização, na maioria das vezes, depende diretamente do corte de árvores; 3) com o aumento nos padrões de consumo, a quantidade de madeira utilizada por cada habitante aumenta; 4) a população mundial cresce, e a demanda por madeira também; 5) as árvores levam anos para crescerem.

Pois é esta a equação que precisa ser resolvida. O desenvolvimento, as indústrias, as nações e as pessoas, dependem diretamente desta matéria-prima, que leva vários anos para ser produzida, e que é insubstituível para o progresso, a geração de empregos e renda, bem como para o conforto das pessoas. A boa notícia é que estamos falando de um recurso renovável. Ele pode ser utilizado de forma sustentável, ou seja, com boa engenharia podemos abastecer a demanda da população, garantindo a perpetuação do recurso.

E temos todas as condições para isto: clima favorável, um território imenso, e Ciência Florestal de vanguarda. Estas características nos tornam muito competitivos na produção florestal, seja através do manejo de florestas naturais, ou dos plantios florestais. Não é por acaso que o nosso país tem nome de árvore, nós temos enorme vantagem perante outras nações. Outros países levam até 30 anos para atingir um volume, que nós produzimos em uma mesma unidade de área em apenas 7 anos. Só no ano passado o setor florestal brasileiro gerou 6,5 milhões de empregos, US$ 9,9 bilhões em exportações, e um faturamento de US$ 27,8 bilhões. Isto, com uma área plantada de apenas 0,7% do território nacional, fato que desespera a concorrência.

Não é por acaso o ataque estrangeiro à silvicultura brasileira. E quando achamos que já vimos de tudo na vida, testemunhamos pessoas que protestam contra o plantio de árvores. É mole? Grupos estrangeiros, com foco no Brasil, e que têm como missão impedir o plantio de árvores em solo brasileiro. Para tanto, investem muito em propagandas que disseminam informações apocalípticas, geralmente apócrifas e desprovidas de qualquer comprovação científica. Também usam de violência, invasões, destruição de unidades de pesquisa, entre outros métodos, mas, podem ser encontrados com maior facilidade, tentando com suas profecias catastróficas catequizar os menos informados. E não é por acaso mesmo, que eles escolhem justamente o Dia da Árvore do calendário brasileiro como o dia de “luta contra” os plantios florestais. Certamente os seus países de origem também comemoram o Dia da Árvore, mas preferem criar confusão na nossa data, e no nosso país. Mas quem é essa gente? Quais seus objetivos? Quem patrocina suas ações? Quem os sustenta? (Não é retórica. Quem souber me avisa) O que eu vejo é que muitas vezes estas informações contraditórias estão sendo disseminadas com dinheiro público, à título de “educação ambiental”, e com foco na colonização das mentes de nossas crianças e jovens. Outras vezes, é custeado pelas próprias “empresas alvo”, à título de “compensação”, ou para muitos: “eco-chantagem”.

Hoje é consenso a importância das árvores não apenas para abastecer a demanda de matéria-prima no suprimento das necessidades humanas, mas, sobretudo, na manutenção das condições ambientais. Elas protegem e recarregam o solo, são fundamentais para os ciclos hídricos, no equilíbrio climático, e no seqüestro de carbono da atmosfera, ou seja, são essenciais para a boa manutenção de outros elementos indispensáveis aos seres humanos: solo; água; e ar. Pois mesmo com todos estes aspectos, os protestos com muito marketing, mas que não apresentam alternativas factíveis, e a pregação de dados extremamente tendenciosos através de discursos inflamados, conseguem converter muita gente de bem. Triste é quando vemos também embarcarem nesta, pessoas que tiveram toda a oportunidade em adquirir conhecimento sobre o assunto.

A Ciência Florestal vem evoluindo cada vez mais no sentido de garantir à população o abastecimento de matéria-prima, em consonância com os benefícios ambientais proporcionado pelas florestas, com sustentabilidade. Os grandes empreendimentos florestais, tão criticados, são os que mais respeitam a legislação ambiental neste país, e que mais detém reservas particulares voltadas exclusivamente para a preservação. Os plantios florestais são realizados em áreas anteriormente convertidas por outras atividades, e em sua maioria já degradadas. Cada hectare plantado evita o desmatamento de até 10 hectares de florestas nativas. A Engenharia Florestal brasileira desponta no cenário mundial, gerando novas tecnologias, empregos e renda. A triste opinião de quase 10 pessoas, entre estudantes e profissionais da Engenharia Florestal, definitivamente não reflete a posição dos aproximadamente 13 mil Engenheiros Florestais brasileiros, que carregam como missão precípua o desenvolvimento sustentável de nossa nação, a preservação ambiental e a qualidade de vida de nosso povo. Não há quem escolha a carreira de Engenheiro Florestal para seguir, que não tenha intrínseca a preocupação com o ambiente.

Tem muita gente que sobrevive exatamente do problema, e não da solução. Não convém um debate equilibrado e racional, pois desta forma, resolveria-se o problema, e isto deixaria muita gente sem ter mais o que fazer. Este é um elemento que faz parte da vida em sociedade, foi sempre assim em toda a história da civilização, e devemos estar sempre alertas para que não sejamos incluídos no rebanho. Mas a vida segue, e não deixaremos de comemorar o Dia da Árvore, plantaremos várias mudas de árvores, as crianças nas escolas, os clubes, as empresas, as organizações… e assim os Engenheiros Florestais continuarão fazendo a cada dia do ano, plantando FLORESTAS, pelo bem do ambiente e da sociedade.

Glauber Pinheiro é presidente da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF).

(Ambiente Brasil, 22/09/2008)

mm
Monitoramento de Mídia
A FloripAmanhã realiza um monitoramento de mídia para seleção e republicação de notícias relacionadas com o foco da Associação. No jornalismo esta atividade é chamada de "Clipping". As notícias veiculadas em nossa seção Clipping não necessariamente refletem a posição da FloripAmanhã e são de responsabilidade dos veículos e assessorias de imprensa citados como fonte. O objetivo da Associação é promover o debate e o conhecimento sobre temas como planejamento urbano, meio ambiente, economia criativa, entre outros.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *