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Morro dos Cavalos: 15 anos, seis sustos e uma obra que não sai do papel

Desde 1995, quedas de barreira levam risco a motoristas e lançam dúvidas sobre construção do túnel no local

Um relevo que esfarela com a chuva forte. No Morro dos Cavalos, no recho cortado pela BR-101, em Palhoça, desde 1995 já ocorreram pelo menos seis grandes deslizamentos. Até agora, em nenhum houve vítimas. A questão é: até quando os motoristas que trafegam na BR-101 Sul ficarão à mercê da sorte?

O único local que recebeu projeto de contenção foi onde ocorreu o deslizamento na enxurrada de 2008. Em maio de 2010, mais duas barreiras caíram. Sem melhorias, a cena se repetiu agora em janeiro – possibilidade que já havia sido levantada por um relatório apresentado no segundo semestre de 2010 pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisa sobre Desastres (Ceped/UFSC).

– Fizemos uma avaliação e o granito está muito fraturado. O Dnit precisa fazer obras de engenharia – diz o conselheiro do Ceped Joel Pellerin.

Antes do deslizamento da semana passada, o Dnit afirmou não haver riscos. Surpreendido com mais ocorrências, teve que iniciar a recuperação do km 236, voltado para a comunidade de Maciambu Pequeno, e os estudos para contenção do km 233, que desbarrancou dia 22.

Especialistas estão receosos. O presidente da Associação de Geólogos de SC, Rodrigo Sato, acusa o Dnit de não fazer grandes obras de contenção no local para economizar verba, pois está para ser licitada a construção dos dois túneis por onde passará a BR-101, deixando a via atual para o tráfego local.

–Dizem que estão monitorando a área e que não há riscos, mas, afinal, o que é uma situação perigosa para o Dnit? Vão esperar alguém morrer? – questiona Sato.

O presidente do Núcleo Paraná/Santa Catarina da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), Hudson Régis de Oliveira, afirma que não existem técnicas para garantir 100% da área sem risco, mas é importante mapear pontos de riscos iminentes.

O geógrafo do IBGE Rogério de Oliveira Rosa defende os túneis. Ele diz que os topos dos morros são mais vulneráveis, e a construção de uma via acelera a degradação.

– Se forem construídos os túneis, os motoristas vão correr menos riscos ao passar pelo trecho, pois a perfuração é pelo meio da rocha, onde está mais forte e saudável.

Rosa lembra que as rochas do local são do mesmo tipo da região serrana do Rio de Janeiro, onde uma avalanche de terra matou 842 pessoas neste ano.

(ROBERTA KREMER, DC, 30/01/2011)

Licenças ambientais empacadas na Funai

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) promete licitar os dois túneis do Morro dos Cavalos no segundo semestre de 2011. Para isso, precisa ter aprovados o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (Rima). Mas os documentos estão parados na Fundação Nacional do Índio.

Uma das preocupações da Funai é o risco de as explosões de rochas no subsolo causarem deslizamentos de terra, possibilidade apontada pela MPB Engenharia, contratada pelo Dnit. O assessor técnico da Coordenação de Licenciamento da Funai, Orivaldo Nunes Júnior, diz que o Dnit entregou o EIA/Rima em setembro para a fundação emitir seu parecer e encaminhar ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), responsável pela aprovação. Mas, junto com o relatório, o Dnit apontou defeitos no estudo da MPB, que afirma que a obra dos túneis pode interferir nas nascentes usadas pelos Guarani e que a perfuração pode causar deslizamentos.

– Pedimos para eles se posicionarem mais claramente, dizendo os pontos de que discordam, mas até agora não houve retorno. Só depois de nos esclarecerem, apresentaremos o parecer – diz Nunes.

Para diminuir o impacto, ele acredita que poderiam ser feitas escavações como no metrô de São Paulo, onde não são usados explosivos.

–Talvez não queiram, pois sai mais caro – afirma.

Segundo o Dnit, a construção dos túneis deverá durar pelo menos dois anos.

RODRIGO SATO, Presidente da Associação de Geólogos de SC: “Afinal, o que é uma situação perigosa para o Dnit? Vão esperar alguém morrer?”

(DC, 30/01/2011)

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