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Moeda Verde: sentença da operação coloca Florianópolis no divã

(Por Rafael Martini, Diário Catarinense, 22/06/2017)

Florianópolis amanheceu quinta impactada pela notícia da sentença da ação penal proferida pelo juiz federal Marcelo Krás Borges na noite de terça-feira. Dez anos depois de deflagrada a Moeda Verde, a mais conhecida Operação da Polícia Federal na Capital, 16 pessoas físicas e seis pessoas jurídicas foram condenadas. Nas rodas de conversa do cafezinho, logo cedo, só se falava nisso. Uns consideraram as penas aplicadas como pesadas demais, especialmente a do empresário Péricles Druck, com 28 anos de reclusão em regime fechado, mesmo que possa recorrer em liberdade. Outros questionaram a morosidade do Judiciário, já que diante da infinidade de recursos, tende a arrastar-se por anos.

Diz a velha máxima que decisão da Justiça não se discute, cumpre-se e ponto. Sempre é bom lembrar que o processo legal permite a revisão nas cortes superiores da sentença.

Independentemente do rito jurídico, cabe uma reflexão sobre os impactos na vida real de quem habita Florianópolis. Que tal interpretar este, digamos, puxão de orelhas com uma década de atraso para colocarmos a bola ao centro e retomarmos o debate sobre a cidade que queremos?

Uma Capital ambientalmente sustentável, referência da indústria tecnológica, que valoriza os empreendimentos que geram emprego e atraem turistas ou preferimos seguir nesta toada de ocupações desordenadas em dunas e morros, trânsito caótico, violência crescente e praias cada vez mais poluídas? Atualmente, Florianópolis possui 30 mil ligações clandestinas de energia elétrica, o famoso gato. Quase 40% dos pontos monitorados pela Fatma estão impróprios para banho e este número aumenta ano após ano.

A realidade nua e crua é uma só: uma década depois do terremoto provocado pela Moeda Verde, nada foi feito para mudar esta triste realidade.

A Ilha outrora da Magia agoniza diante de tantos problemas. Não houve nenhum planejamento para a transição da pacata Capital até os anos 1970 para uma região metropolitana com quase um milhão de habitantes do século 21. A crise de identidade está posta. Todos sonham com a Floripa paradisíaca para se viver, mas na prática nem mesmo um Plano Diretor consegue ser apreciado pela Câmara de Vereadores. Somos reféns de uma legislação federal ultrapassada e imprecisa. Uma Ilha mergulhada em burocracia para construir uma simples marina ou trapiche que seja. O Ministério Público Federal e a Justiça Federal baseiam suas ações e decisões exclusivamente no que diz a lei. Há quem veja até alguns excessos e outros defendem atuação implacável. O fato é que se edificações foram construídas irregularmente, que se busque uma compensação. O foco deve no combate intransigente às velhas práticas ilícitas. Mas não dá para simplesmente ignorar as peculiaridades de empreendimentos que movimentam a economia se colocando tudo abaixo, seja o barzinho da Barra da Lagoa ou beach club de Jurerê. Hoje não somos nem sustentáveis, nem ambientalmente corretos e cada vez menos atrativos. Florianópolis precisa urgentemente deitar no divã para decidir qual caminho pretende escolher.

 

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