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ONU determina registro de itens de pesca para coibir mortes dolorosas de animais marinhos

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma das agências da ONU, acatou um pedido da World Animal Protection (Proteção Animal Mundial) e, até 2025, todos os países membros deverão garantir que os petrechos de pesca saiam das lojas identificados. A medida visa diminuir o número de animais marinhos mortos pelo abandono desses equipamentos. A região da Baía de Santos, no litoral de São Paulo, é o local do Brasil com maior índice de petrechos ‘fantasmas’ registrados.

Espécies importantes da fauna brasileira, como a baleia jubarte, a baleia franca austral – que foi vista recentemente em Ilha Comprida -, golfinhos e tartarugas são frequentemente capturadas pela pesca ‘fantasma’. Em todo o Brasil, 80% das mortes de tartarugas marinhas são ocasionadas por essa fatalidade, na qual os animais sofrem com uma morte prolongada e dolorosa, geralmente ocasionada pelo sufocamento ou fome. Segundo a ONG, 71% dos animais capturados por esses petrechos acabam morrendo nos oceanos.

A região da Baía de Santos é o local do Brasil com maior índice de petrechos ‘fantasmas’ registrados. Para a ONG, o elevado número pode ser atribuído, principalmente, ao maior esforço na busca desses materiais na região. No restante do país, esse trabalho ainda é bastante incipiente.

Estudos apontam que já foram retiradas aproximadamente 2 toneladas de petrechos abandonados da região. Esse material impactava cerca de 90 mil animais marinhos. Dentre eles, estão diferentes espécies de tartarugas marinhas, raias e tubarões.

“Santos ganha muito destaque devido ao Instituto de Pesca e a outras características da área”, explica o gerente da campanha Sea Change da World Animal Protection no Brasil, João Almeida.

Segundo o gerente, atualmente, não existem mecanismos eficazes para identificar o proprietário das redes perdidas ou abandonadas, o que torna mais difícil a fiscalização e a punição das empresas e pescadores que praticam operações ilegais.

Com o registro das redes de pesca, as agências de controle poderão realizar fiscalizações mais eficientes e estabelecerão punições às empresas e pescadores que abandonarem equipamentos nos oceanos. “Vai funcionar como uma espécie de GPS, e esses equipamentos poderão ser rastreados desde a sua origem. A expectativa é que, em 2025, eles sejam vendidos já com essa tecnologia. Sairiam da fábrica já com uma identificação global e, no ato da compra, viria a identificação do comprador”, conta.

Além do sofrimento animal, os equipamentos ‘fantasmas’ geram alto impacto ambiental pela demora em sua decomposição, de até 600 anos. Isso porque, no geral, são feitos de plástico, o que agrava a poluição nos oceanos.

Pesca ‘fantasma’

A pesca ‘fantasma’ é causada por equipamentos perdidos, abandonados ou descartados irregularmente nos oceanos – que continuam à deriva, pescando e ameaçando a vida e o bem-estar de milhares de espécies marinhas.

Por se tratar de materiais específicos para pesca e captura, esses petrechos são incrivelmente resistentes e acabam machucando, prendendo e causando mortes lentas e dolorosas aos milhares de animais que se emaranham acidentalmente neles. A marcação dos equipamentos comercializados irá reduzir o volume desses materiais nos oceanos, portanto, menos animais estarão em risco.

(G1, 26/08/2018)

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