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Alunos realizam plantio e georreferenciamento de mudas das espécies do projeto 50 Árvores Nativas de Floripa

A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) e a escola básica municipal Intendente Aricomedes da Silva, localizada no bairro Cachoeira do Bom Jesus, realizaram no dia 07 de dezembro um plantio de mudas do projeto 50 Árvores Nativas de Floripa. A iniciativa foi da professora de educação ambiental Roberta Devesa, que reuniu os alunos do 9° ano para o plantio de 10 mudas de árvores na escola, simbolizando o vínculo entre as três turmas de formandos e a experiência vivida na escola.

As mudas foram produzidas no viveiro do Parque Municipal da Lagoa do Peri, a partir de sementes das árvores matrizes das 50 espécies nativas selecionadas pelo projeto. Todas as espécies escolhidas para o plantio apresentam frutos que atraem a avifauna. Plantou-se Pau d´arco (Guarea macrophylla), Chal-Chal (Allophylus edulis), Baga-de-Macaco (Posoqueria latifolia) e Tarumã (Vitex megapotamica). As demais mudas plantadas são apropriadas também ao consumo humano: Bacupari (Garcinia gardneriana), Pitangueira (Eugenia uniflora), Baguaçu (Eugenia umbelliflora), Grumixama (Eugenia brasiliensis), Jaboticabeira (Plinia peruviana) e Araçazeiro (Psidium cattleianum).

O intuito de Roberta era realizar um projeto voltado ao meio ambiente que envolvesse os estudantes numa atividade ecológica e promovesse o seu vínculo pessoal com o lugar. “Os estudantes desta escola moram no bairro, provavelmente seus filhos estudarão também na mesma escola. Daqui a alguns anos eles poderão mostrar aos filhos e lembrar com carinho aquele dia em que, junto aos colegas, realizaram o plantio de árvores simbolizando a sua turma de formandos”, diz Devesa. Então propôs a ideia de efetuar um projeto de plantio de árvores nativas ao diretor Pablo Jesus de Liz, que a motivou a buscar parceiros. Ao realizar uma pesquisa na internet, encontrou o projeto 50 Árvores Nativas de Floripa e entrou em contato com o idealizador e agrônomo Jarbas Prudêncio Junior, da Floram, que se interessou pela iniciativa, foi conhecer a escola e acompanhou o plantio. Para o agrônomo, a participação efetiva dos estudantes gera um vínculo afetivo com a escola. “Quando a gente planta uma árvore cria-se uma identificação com aquele espaço, tornando-o um pouco nosso, o que se chama tecnicamente de ‘identidade de lugar’.”

O projeto também contou com a participação de Samuel Nunes Santana, professor da sala informatizada, que realizou, junto aos alunos, o georreferenciamento de cada muda, gerando uma base de dados e um código para cada árvore associada às turmas dos formandos: “A ideia é disponibilizar na rede o acesso a um mapa em que eles consigam visualizar as mudas e quem plantou. Com o tempo, eles poderão alimentar esse banco de dados, identificando toda a flora da escola, além de acessar o mapa disponível na rede através do QR Code, que é um atalho para acessar as informações sobre a planta”.

Os professores também fizeram placas impressas identificando as espécies plantadas, onde consta o nome científico e popular, com um QR Code que fornece a localização geográfica e informações no celular, tablet ou computador. “É uma possibilidade de compartilhar o conhecimento com outra pessoa: olha, encontrei tal árvore, ela é nativa da Ilha de Santa Catarina e foi plantada pela turma 91 em 2017. Isso vai deixar uma ligação entre os estudantes e a escola, através da informação disponível sobre a espécie da árvore com o simples acesso do QR Code”, explica Nunes.

De acordo com Roberta, os alunos participaram em todos os momentos do projeto, e aqueles que são mais agitados na sala de aula foram os que mais ajudaram no trabalho braçal. Inclusive mostravam as mãos calejadas, depois de manusear a enxada, com orgulho. “Fiquei muito feliz com o envolvimento dos alunos, apesar de não ser a professora de ciências deles; me receberam com muito carinho e me ajudaram desde o começo a fazer o projeto ganhar vida, ao abrir os berços para plantar, cortar bambus que serviram de tutores, buscar e colocar composto orgânico no berço das mudas”.

Para o aluno e formando do 9° ano Alisson Júnior, a experiência foi muito importante, principalmente por democratizar o conhecimento; aprendeu, por exemplo, sobre as funções ambientais que uma árvore exerce no meio ambiente. “Foi incrível o aprendizado, porque a gente participou e vai deixar a nossa história nessa escola, junto com as árvores. Eu não conhecia nenhuma árvore nativa de Florianópolis, porque sou do Rio Grande do Sul, e depois desse plantio eu vou estudar ecologia; me incentivou muito a aprender mais sobre as árvores e a importância delas para o ser humano e o planeta”.

Também participaram da ação na escola o engenheiro agrônomo Luiz Antônio dos Santos Junior, o geógrafo Gabriel Stroisch da Costa e a jornalista Rebeka Ribeiro da Luz, da equipe técnica do projeto 50 Árvores Nativas de Floripa, e o professor de Ciências da Escola Básica Municipal Intendente Aricomedes da Silva, Ricardo Santos do Carmo.

O projeto 50 Árvores Nativas de Floripa 

A partir da constatação de que menos de 10% das espécies arbóreas existentes em vias públicas do centro de Florianópolis são nativas locais – dado obtido por meio de inventário arbóreo realizado pela Floram entre os anos de 2014 e 2015 – e diante da falta de informações sobre árvores nativas de Florianópolis com potencial para arborização urbana, foi lançado o projeto 50 Árvores Nativas de Floripa.

Segundo Jarbas Prudêncio Junior, agrônomo da Floram e idealizador do projeto, o intuito é popularizar o conhecimento sobre as nossas árvores nativas, garantir a continuidade do nosso patrimônio genético vegetal, de nossas raízes culturais e criar corredores ecológicos para abrigar a biodiversidade de espécies animais, possibilitando uma relação mais próxima com o sistema ecológico do entorno, o que traria mais qualidade aos nossos espaços públicos urbanos.

O projeto foi idealizado para acontecer de forma participativa e com base comunitária. “A minha experiência profissional e os exemplos de iniciativas bem-sucedidas em outros países têm mostrado que a atividade florestal no meio urbano pode ser um instrumento capaz de catalisar a participação comunitária, e que o êxito de qualquer programa de desenvolvimento de florestas urbanas de maneira consistente e sustentável depende dessa participação; a atividade florestal é, além disso, uma valiosa ferramenta para o fortalecimento do capital social e o desenvolvimento do sentimento de vinculação ao lugar em uma comunidade”, explica Jarbas.

Se você tem alguma iniciativa comunitária ou projeto social relacionado ao plantio de árvores, procure o site www.arvoresdefloripa.com.br, que possui um espaço para mensagens no qual as pessoas podem manifestar os interesses em plantios, preferencialmente de forma associativa.

(PMF, 14/12/2017)

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