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Campeche: um paraíso de Florianópolis está ameaçado

Da Coluna de Carlos Damião (ND, 29/10/2017)

O Campeche é um bairro que voltar a pedir socorro, por causa da flagrante poluição de seus córregos e rios, em especial o Riozinho. Moradores da comunidade, os fotógrafos Milton Ostetto e Paulo Goeth têm sido implacáveis nas denúncias sobre o descaso, cobrando do poder público as providências óbvias e urgentes para acabar com a contaminação causada pelo esgoto. Na sexta-feira (27/10) Ostetto flagrou fiscais da Casan e da prefeitura atuando no local, depois que milhares de pessoas compartilharam imagens da dolorosa situação ambiental nas redes sociais.

Um paraíso como o Campeche não merece esse desmazelo, que é consequência do crescimento desordenado, em especial nos últimos 10 anos, período de grande expansão urbana na região.

Aliás, há um dado histórico muito importante sobre o bairro: na década de 1970 o arquiteto e urbanista Luiz Felipe da Gama Lobo d’Eça coordenou um projeto que apontava o Campeche como “novo Centro de Florianópolis”, mediante uma ocupação racional e planejada. Visionário, Luiz Felipe percebeu que o centro tradicional se esgotaria em pouco tempo. Seu projeto de urbanização foi ignorado pelas autoridades, mas um dos itens recomendados – a Via Expressa Sul – acabou sendo implantado, ainda que parcialmente.

Um lugar muito diferente

Lugar diferenciado, de inspiração mística – Franklin Cascaes pesquisou lendas e bruxas na região –, o Campeche remete à história da pesca e da aviação em Florianópolis. Pescadores resistem ao tempo e às predatórias práticas industriais do setor e ainda trabalham bastante na praia. O bairro preserva a área de 118 mil metros quadrados do antigo Campo da Aviação, primeiro aeroporto da Capital, que funcionou até meados da década de 1940.

Esse terreno imenso (que originalmente tinha 227 mil metros quadrados) foi reivindicado pela população para criação do Pacuca (Parque Cultural do Campeche). Tombada oficialmente pelo município, a área aguarda recursos para sua urbanização, prometidos ao longo de mais de uma década. Na sexta-feira (27/10) o vereador Vanderlei Lela Farias (PDT) anunciou a inclusão de um item na LOA (Lei Orçamentária Anual) do município, no valor de R$ 300 mil, para que a prefeitura possa começar algumas das melhorias previstas.

Memorial da Aviação

O Campo da Aviação, onde será o Pacuca, foi utilizado pelos pilotos da Aéropostale, o Correio Aéreo Francês, entre 1925 e 1933. Há indícios de que o escritor e piloto Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) tenha pousado no Campeche entre 1930 e 1931, sendo conhecido entre os locais como “Zé Perry” (ou Zeperry). Polêmicas à parte, não há como esquecer o intenso trabalho da pesquisadora Mônica Cristina Corrêa, presidente da AMAB (Associação Memória da Aéropostale no Brasil), com o objetivo de preservar e resgatar essa história. Graças a ela, uma exposição documental e fotográfica tem percorrido vários lugares de Santa Catarina. Em dezembro de 2016 a AMAB participou da reinauguração do Monumento aos Pilotos da Aéropostale, na entrada do Pacuca. Dentro do parque está também a “Popote”, o casarão onde os pilotos se abrigavam, devendo ser transformado num memorial desse rico período da história do Campeche e de Florianópolis.

Vida e movimento

Apesar de ainda aguardar obras de urbanização, o Pacuca tem recebido inúmeras melhorias, a maior parte das quais para evitar a ação criminosa de visitantes que tentam transformar o local em lixão, depositando entulhos, móveis, eletrodomésticos e resíduos em geral.

No local já está sendo desenvolvida a Horta do Pacuca, parceria entre o Quintais de Floripa, Destino Certo, Amocam (Associação de Moradores do Campeche), Intendência do Campeche, Conselho de Saúde do Pacuca e Comcap. Trata-se de uma horta orgânica comunitária, aberta a todos que queiram participar da iniciativa.

No domingo (29/10), dentro do espírito de dar vida ao bairro, ocorreu a segunda edição do Festival de Identidade Cultural, na entrada do Parque Pacuca (Avenida Pequeno Príncipe com Rua da Capela), com atividades culturais e de atendimento, tendo apoio da prefeitura, por meio do Projeto Floripa em Movimento.

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