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“A cultura da uberização vai se espalhar”, diz especialista

Da Coluna de Estela Benetti (DC, 21/09/2017)

As tecnologias disruptivas estão mudando a forma de administrar empresas, avalia o consultor especializado em Inteligência Competitiva, Carlos Nepomuceno, que está em Florianópolis nesta quinta e sexta para palestra sobre a “uberização” da sociedade, a convite da Fecomércio SC. Quinta ele fala para o mercado imobiliário e sexta, ao setor de serviços, dois segmentos diretamente afetados pelas mudanças. Em entrevista por e-mail, Nepomuceno adianta em primeira mão o que falará aos empresários catarinenses.

Por que o senhor diz que a economia está passando por uma uberização e vai prevalecer um modelo de governança semelhante ao das formigas?
Existe hoje na sociedade um novo modelo de administração, que permite eliminar os gerentes, no qual o Uber é o mais conhecido. O controle dos processos é feito por inteligência artificial e das pessoas pela reputação digital através das estrelas. Motoristas e passageiros se auto-fiscalizam o tempo todo. Esse modelo, que é ainda inicial, vai se espalhar por todo a sociedade, pois permite que se tenha escala. É possível ter milhões de motoristas, mas sem nenhum gerente, o que melhora muito a relação custo/benefício. O modelo do Uber lembra muito o das formigas. Por quê? Elas não têm um líder alfa e se administram através de um tipo de comunicação química dos rastros, que se assemelha ao que vemos no Uber, no Waze. Decisões são tomadas de forma mais participativa e sem perder a eficácia, pois não há um líder alfa para coordenar os processos.

Quais setores estão sendo mais atingidos pelas mudanças e como as empresas devem se inserir nesse mundo digital?
Todos os setores de baixa coordenação, com legislações mais flexíveis e que os consumidores conseguem ver rapidamente os benefícios, qualidade e segurança. Porém, aos poucos, cada vez mais a cultura da uberização vai se espalhar, os processos de inteligência artificial vão se sofisticar e mais setores vão começar a sofrer o impacto, da mesma forma que outras indústrias já foram abaladas. Muitas organizações estão utilizando velhas ferramentas e estratégias e não estão conseguindo dar a volta por cima para trabalhar dentro de um cenário disruptivo e incerto. Algumas empresas já estão criando “laboratórios de experimentação”, em um sistema bimodal, onde os dois modelos de administração (novo e antigo) operam paralelamente.

O senhor fará em Florianópolis a palestra “Mercado Imobiliário 3.0”. Que mudanças estão atingindo esse setor e quais são os desafios?
Todos os processos de intermediação antigos – como caixa de banco, trocador de ônibus, bilheteiro, etc – serão superados para a sociedade poder criar um modelo mais sofisticado, barato, rápido e com outro patamar de qualidade. A macrotendência é a reintermediação, que eu chamo de curadoria, com plataformas digitais participativas em que as organizações deixam de atuar diretamente num produto ou serviços e passam a ser responsáveis pelas relações entre clientes e fornecedores, com algoritmos capazes de relacionar oferta e demanda. Quem trabalha com aluguel de temporada, por exemplo, já esta sentindo essas mudanças por conta do Airbnb.

Como o setor privado e governos podem se inserir melhor nesse novo mundo e aprimorar os serviços e produtos que oferecem?
Investir na criação de laboratórios disruptivos para experimentar um novo modelo de administração em todas as áreas. O Brasil, por exemplo, precisa dar um salto triplo na educação e criar um modelo totalmente diferente do atual, mesmo distinto dos países desenvolvidos. Temos grande déficit educacional. Será necessário desenvolver novas formas de aprendizado que consigam promover qualidade de ensino na quantidade de demanda que temos no país hoje. O papel do professor não será mais de transmissão de conhecimentos, mas de curador educativo, que indica e organiza a informação, não mais por assuntos, mas por problemas. O digital vai ajudar a resolver uma série de impasses. O grande empecilho, entretanto, é superar nossa antiga mentalidade que não consegue pensar novas formas para velhos e novos problemas.

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