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Livro conta a epopeia da reconstrução das fortalezas de Florianópolis

Quando soube, em 1975, que o edifício do antigo forte Santa Bárbara estava prestes a ser demolido para dar passagem a uma nova avenida sobre o aterro, no Centro de Florianópolis, o empresário Armando Luiz Gonzaga correu para o gabinete do prefeito Esperidião Amin na tentativa de mudar a decisão dos planejadores urbanos. Ali soube que o prédio, erguido na segunda metade do século 18, iria abaixo porque tinha pouca importância histórica, valor arquitetônico quase nulo (por causa das intervenções feitas ao longo do tempo) e atrapalhava a mobilidade na cidade. A saída iminente da Capitania dos Portos era a senha para derrubar a construção, ação que tinha o respaldo das autoridades, da imprensa e da população da Capital.

Desvinculado da Marinha, onde ocupara cargos de alta patente, após ser chamado pelo pai para tocar a construtora A Gonzaga, uma potência à época, Armando afrontou meia cidade, foi atrás de apoios e, meio sem querer, iniciou ali uma cruzada pela preservação e restauração das fortalezas da Ilha de Santa Catarina e do entorno. Até então, o sistema defensivo edificado antes da chegada dos casais açorianos pelo brigadeiro José da Silva Paes amargava dias de ruína, abandono e indiferença, a ponto de alguns fortes estarem desmoronando, cobertos pelo mato e pelo descaso dos governos e moradores. Se atualmente as principais fortalezas são atrações turísticas e objeto de cuidados de toda ordem, é porque lá atrás alguém moveu mundos e fundos para tirá-las do ostracismo.

Agora, um projeto que Armando começou a elaborar há mais de 15 anos ganha as ruas. Ele morreu em abril de 2016, mas o jornalista Celso Martins, que já vinha escrevendo o livro, fez os ajustes finais de “Memórias das Fortalezas – Ilha de Santa Catarina”, que vai ser lançado na terça-feira, dia 15, às 18h30, no hall da Sala Lindolf Bell, no CIC (Centro Integrado de Cultura), em Florianópolis. O livro tem tiragem de 2.000 exemplares, a metade com capa dura, relativa à edição aprovada pela Lei Rouanet, e a outra parte na forma de brochura, apoiado pelo Edital Elisabete Anderle 2014, da Fundação Catarinense de Cultura.

O forte que atrapalhava a cidade

O forte Santa Bárbara, localizado na rua Antônio Luz, era comparado ao bar Miramar, já então demolido, e à ilha do Carvão, engolida pelo aterro da baía Sul – “não tem valor arquitetônico”, eis o pecado que lhe era atribuído. Pior, sua presença ali, ao lado do canal da avenida Hercílio Luz, impedia a modernização da cidade. Sede da Capitania dos Portos, o edifício recebeu a visita de Armando Gonzaga, que fora renovar a licença de sua lancha e descobriu o plano da prefeitura de remover o obstáculo que impedia a continuidade do traçado da avenida Paulo Fontes. O prefeito Esperidião Amin disse que nada mais havia a fazer, e o empresário engajou os arquitetos Cyro Corrêa Lyra (do Rio de Janeiro) e José La Pastina Filho (do Paraná), que estavam na cidade, além do historiador Oswaldo Rodrigues Cabral e sua sobrinha Sara Regina Silveira de Souza, na luta pelo salvamento do prédio.

Artigos e matérias nos jornais “O Estado” e “A Gazeta”, assinados por esse grupo ainda em 1975, ajudaram a reverter a situação. Até então, nenhuma autoridade havia pedido o tombamento da fortificação, e Armando Gonzaga apelou ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para que fizesse isso, mesmo reconhecendo que a edificação perdera as características originais. Até o arquiteto Lúcio Costa, que projetara o plano piloto de Brasília, entrou no circuito e disse num parecer que o tombamento deveria ser local, pela relevância do prédio e pelo empenho de historiadores e lideranças de Florianópolis. O traçado da avenida, contornando a construção, foi mudado pelos órgãos de planejamento urbano, e o forte se salvou definitivamente.

(Leia matéria na íntegra em Notícias do Dia, 12/08/2017)

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