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O labirinto e seus desafios

(Por Segio da Costa Ramaos,  Diário Catarinense, 27/06/2017)

A geografia da Ilha-Capital não tem qualquer semelhança com a plana Curitiba, os desafios aqui brotam do chão cheio de obstáculos, verdadeiro labirinto espremido entre o mar e a montanha.

 

O labirinto da Ilha de Santa Catarina não se formou ao longo de milênios, como o da Ilha de Creta. Bastaram algumas décadas. Um videogame na forma de enigma foi caoticamente planejado em Floripa nos últimos 40 anos, quando o aterro da Baía Sul nasceu para se transformar em… garagem de ônibus.

 

Floripa cresceu com o requinte de resultar numa cidade ainda pequena, mas com todos os inconvenientes de uma grande metrópole.

 

Cidade insular e portuária – sem portos ou transporte marítimo – sobre a Ilha se abateram todas as pragas do progresso predatório. Pior: um progresso deformado, associado ao carrapato de uma ecoteologia caolha, que acaba provocando exatamente o que deveria evitar: a degradação ambiental.

 

Some-se a todos esses males o da monocultura automotiva, velha arteriosclerose do Brasil, com direito a incentivos fiscais. Dá mais carro em Floripa do que chuchu na cerca ou urtiga em campo de ervas daninhas. Nas ruelas da velha Desterro não cabem mais carros. Ironia: no mar que abraça a Ilha, faltam barcos.

 

–  Sobra mar pra poca batera, mo Deugi… – diria um manezinho, com gosto de sal na boca e maresia no coração.

 

 

***

 

Na Ilha, os bebês já nascem com quatro rodas. E  automóveis dão em árvore, já madurinhos. Ou em até 60 meses, a perder de vista. Uns e outros já nascem no limitado berçário citadino: ruas e ruelas comprimidas entre o mar e a montanha, ladeiras e baixios.

 

O automóvel pode não ser um animal domesticável. Mas existe. Come, metaboliza, excreta, respira, move-se e reage a estímulos externos, governados por este homo-transitus, que nada tem de cordial.

 

Caberá a um administrador sério criar um sistema para – mesmo ao peso de natural impopularidade – começar a hierarquizar o trânsito em benefício do transporte coletivo, penalizando, pecuniariamente, o acesso ao centro da cidade e ao seu entorno.

 

Traduza-se: limitar o uso do automóvel na Ilha, sob pena desse “animal” assumir a prefeitura e governar por um único decreto: o do engarrafamento permanente, sem começo, meio ou fim.

 

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