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“A cada verão, a sensação de colapso está cada vez mais nítida na Ilha”

O colapso de sociedades no passado (Ilha de Páscoa, Maias, Anasazi, Vikings na Groelândia) nos deixa uma oportunidade de aprendizagem valiosa para compreendermos essa sensação de desconforto com o nosso presente. O fato de as praias de Canasvieiras e do Campeche, em Florianópolis, aparecerem com as ‘bandeirinhas vermelhas’ da FATMA precisa ser entendido numa perspectiva um pouco mais abrangente da dos indicadores de balneabilidade.

O colapso de uma sociedade é o resultado de uma sintonia de diversas ondas de degradação, que isoladamente não seriam responsáveis pelo colapso. As enxurradas de verão provocadas pelas chuvas convectivas se transformam na “gota d’água” que transborda o copo da normalidade.

As águas torrenciais, já sem seus leitos naturais, elevam um lençol freático já rebaixado, compactado, poluído, salinizado, levando o lixo disposto em condições precárias pelas esquinas de nossas ruas esburacadas e sem calçadas em direção ao oceano e às baías.

O impacto sobre a saúde das pessoas é imediato através dos sintomas das doenças de veiculação hídrica. E aqui acontece mais uma sintonia de colapso, quando turistas e moradores buscam os serviços públicos de atenção à saúde. Como resultado, os turistas pedem a conta e tratam de buscar lugares mais seguros e saudáveis em direção a suas casas. E nós, os moradores, ficamos com aquela sensação de que algo parece não estar funcionando bem com nossas vidas e com a nossa cidade. E de fato não está.

Mas não é somente “um algo” que não está funcionando. Pois temos um bom senso que muitas “coisas” deixaram de funcionar a contento, seja a efetividade da mobilidade urbana, a eficiência das políticas públicas, a segurança, a economia, a política, a educação, a quantidade de imposto que se paga, o preço dos produtos no mercado, o dólar e tantos outros desarranjos diários que estamos todos vivenciando. Está tudo ficando muito ‘complexo’ e rápido. Difícil de acompanhar e de compreender. Literalmente, o barco está fazendo água, ou, no nosso caso, a Ilha.

Mas temos uma noticia boa: o colapso não acontece somente pela sintonia das degradações múltiplas, mas sobretudo pela dificuldade das sociedades em evoluírem em suas ideias, conceitos e emoções.

O conceito de BEM COMUM, por exemplo, nos permite compreender que a natureza, o clima, o ar, a água, o saneamento básico, incluindo a coleta e o tratamento dos esgotos, dos resíduos sólidos, das águas pluviais, as calçadas, a segurança, a saúde, a educação, a mobilidade, a balneabilidade, são bens comuns a todas as pessoas, indistintamente de cor, sexo, religião, pobreza, entre outros.

O conceito de GOVERNANÇA LOCAL nos permite visualizar uma evolução da democracia e da política com a participação qualificada e estratégica das comunidades locais no reconhecimento e valorização dos “bens comuns” de seu território. O colapso da Ilha não é culpa dos turistas, mas sim uma responsabilidade dos moradores e cidadãos da Ilha.

Por fim, a “governança de bens comuns” utiliza uma ideia de MELHORES PRÁTICAS na escolha e implementação pedagógica de soluções de sustentabilidade. Precisamos saber e conhecer como problemas parecidos com os nossos foram resolvidos. Não devemos improvisar nem reinventar a roda. Precisamos agir com urgência, mas também com prudência. E com AMOR, é claro. Por sinal, esse é o principal conceito, pois o colapso resulta da violência, da indiferença e da instrumentalidade que o vazio do amor provoca.

( Diário Catarinense, 08/01/2016)

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