Seminário propõe programa de ações conjuntas de compostagem, o “Floripa Composta”
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Meta de desviar mais mil toneladas do aterro

Florianópolis deve desviar mil toneladas por mês de resíduos orgânicos do aterro sanitário com práticas descentralizadas de compostagem. Hoje, informou o engenheiro de materiais João Carlos de Godoy Moreira, o movimento Floripa Composta estima que mais de 800 toneladas já estejam sendo reaproveitadas por mês, na soma das iniciativas públicas, privadas e colaborativas. “Essa meta confirmada e certificada permitirá dobrar o percentual de resíduos recuperados em Florianópolis. Não é pouca coisa”, avaliza o presidente da Companhia Melhoramentos da Capital, Marius Bagnati, em referência às mil toneladas de recicláveis secos que já são recolhidas por mês pela coleta seletiva da Comcap e doadas para associações de triadores.

Os avanços foram discutidos na tarde de quarta-feira (28), por ocasião do Seminário “Transformando resíduos orgânicos em vida saudável”, promovido pelo Grupo Interinstitucional para a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Girs Floripa), na sede da CDL Florianópolis. O seminário, apontou o gestor de Negócios da CDL e coordenador do Girs, Hélio Leite, repassou as experiências da cidade que, se já é uma referência em gastronomia mundial pela Unesco, também quer se tornar exemplar na destinação correta de resíduos orgânicos.

Floripa Composta

Ao fechar a amostragem de todos os esforços que ocorrem em Florianópolis, a apresentação do Floripa Composta indicou que, nesse cenário de recuperação de 800 toneladas de resíduos orgânicos por mês, ainda um volume entre 350 e 400 toneladas por dia estão seguindo para aterro sanitário. A ideia, informou Godoy, é unir informações sobre todas as iniciativas já existentes e estimular novas para atingir a meta de mil toneladas recuperadas e certificadas.

“Cada tonelada que deixar de ir para o aterro tem o equivalente de uma tonelada em crédito de carbono no mercado voluntário”, apontou Godoy. Cada tonelada vale em torno de 35 euros nesse mercado de compensação ambiental. Para usufruir desses créditos, naturalmente, a cidade terá de criar um mecanismo para comprovar e certificar a recuperação dos resíduos orgânicos. Nisso está empenhado o Floripa Composta que movimenta organizações como Projeto Alecrim, Cepagro, Destino Certo, Econsciente, Ecobin, Brotei, Habitao, Procomposto, Rede Ecovida, Floram, Fatma, Mapa, TJSC, Comcap, além de empresas e restaurantes como o Mercado São Jorge.

Experiências bem sucedidas

Eduardo Elias Rodrigues mostrou em vídeo produzido pela TV Vento Sul o projeto Destino Certo que transforma resíduos em composto para produção de alimentos orgânicos no Sul da Ilha de Santa Catarina. Em restaurantes que servem 200 refeições por dia, exemplificou, são usadas duas bombonas para acondicionamento dos resíduos que são processados em pátio de compostagem atrás da Pedrita.

Em parceria com a Quintais de Floripa, que mantém hortas comunitárias em terrenos cedidos pelos proprietários, a Destino Certo instalou pátio e horta como alternativa de laborterapia na Comunidade Terapêutica Liberdade. Na Escola Cora Coralina, o terceiro ano cuida da horta e o sexto vai cuidar da compostagem. No total, a Destino Certo, em conjunto com a Comunidade Terapêutica Liberdade, já processa 12 toneladas de resíduos orgânicos por mês.

“A gente quer um modelo de cidade lixo zero. Como vamos fazer isso? Juntos, é só o que posso dizer”, comentou Eduardo. Ele chamou atenção para a necessidade de “revalorizar” os resíduos orgânicos, como em geral é feito quanto aos recicláveis secos. “Quando compramos, não compramos apenas o conteúdo, mas também a embalagem. Isso é fácil de ver, mas precisamos ver também quanta riqueza jogamos fora com os resíduos orgânicos”, disse.

O publicitário Carlo Manfroi apresentou o projeto Parque Ideias e a ação Hortaluz. Relatou que, morador da Duarte Schutel, não podia deixar de perceber que estava tudo errado quando a Comcap era obrigada a levar dali toneladas de resíduos toda noite e um caminhão voltar com adubo para a horta. A solução já inspira uma “agenda de peopleware “ para outros parques da cidade, para usar o termo com que Manfroi estimula a ocupação dos espaços urbanos pelas pessoas.

Luis Gustavo Martins de Almeida, do Quintais de Floripa, explica que o projeto começou em área próxima à Pedrita, no Rio Tavares, e hoje avança pelo esforço da comunidade e com apoio da Floram e da Comcap. Está em implantação, com composto orgânico cedido pela Comcap, a horta do Pacuca, o parque do Campeche.

Itamaragiba Rodrigues chegou há um ano em Florianópolis e está bem impressionado com a qualidade dos projetos existentes e com a “modéstia” dos seus autores. Ele apresentou o conceito dos Pátios Amigos, que tem a ver com horta, compostagem e meio ambiente e ações no Rio Vermelho e na Serte, na Cachoeira do Bom Jesus, onde são abrigados 65 idosos e mantidos projetos com 160 crianças em situação de risco. Mencionou que a Comcap cedeu área de 5 mil metros quadrados para implantação de horta no Norte da Ilha e a intenção é, com a Hortaluz e Pacuca, criar uma rede de compostagem para produzir alimentos saudáveis de forma comunitária.

“É interessante estarmos aqui na CDL, onde se reúne boa parte de quem consome e de quem produz. Quem está produzindo, tem responsabilidade de cuidar desses assuntos”, apontou.

Comcap apoia todas iniciativas

O presidente da Companhia Melhoramentos da Capital, Marius Bagnati, disse estar feliz por ver “a confluência de interesses e a forma como uma ação encaixa-se a outra”. Ele lembrou que a CDL, Prefeitura Municipal de Florianópolis, por meio da Sesp, e o Ministério da Agricultura e Pecuária reuniram várias organizações, para “começar pelo fim” o projeto de fazer de Florianópolis a cidade com melhor qualidade de alimentação, com a implantação da Feira de Orgânicos Viva a Cidade. A feira já ocorre todos os sábados no Terminal Cidade de Florianópolis, no Centro, com produtores locais certificados.

“Todos essas iniciativas, como Revolução dos Baldinhos, do Sesi, Acats, Procomposto, têm o interesse da Comcap. Tanto porque representam redução nos custos de transporte e aterramento de resíduos, que no ano passado custaram R$ 24 milhões ao município, quanto porque mitigam as emissões dos gases de efeito estufa que têm influência no clima e na saúde das pessoas”, explicou.

Bagnati observou que a Comcap é parceira de primeira hora da Cepagro no Monte Cristo, com a Revolução dos Baldinhos, agora apoia a instalação de novo pátio de compostagem no Lar Fabiano de Cristo e que, em parceria com a Associação Orgânica, vai compostar 4 mil toneladas de resíduos orgânicos este ano no pátio do Centro de Valorização de Resíduos (CVR, antigo CTReS) no Itacorubi. Também garantiu que a Comcap dará suporte às hortas que estão previstas nos bairros Daniela, Córrego Grande, Santa Mônica, Rio Vermelho e Campeche.
“Temos de estimular a separação dos resíduos orgânicos nas casas. O primeiro esforço é para que este material seja tratado no próprio quintal”, apontou Bagnati.

Compostagem é base da agricultura urbana

Em vídeo, o engenheiro agrônomo Marcos José de Abreu, coordenador dos Projetos Urbanos da Cepagro, lembrou que a base da agricultura urbana é a compostagem. “Na cidade não há vaca, galinha ou porco, não tem o esterco desses animais. Na cidade tem resíduos orgânicos e é essa matéria-prima que deve ser separada na fonte para servir de adubo à produção de alimentos”, relacionou.

Alceu Medeiros alinhou o percurso da organização Nosso Lixo com os minhocários, “a natureza encaixotada”, até o Floripa Composta. “As portas estão abertas hoje para os movimentos de ‘muitos para muitos’. As pessoas não querem bater panela na frente de secretaria alguma, querem elas mesmas plantar suas hortas. E os que ainda não plantam admiram quem planta”, analisou.

Filipi Borges Geremias, engenheiro agrônomo da Procomposto, disse que em 17 anos de atuação no setor, nunca viu momento tão bom. Na década de 90, lembrou, era difícil falar em resíduos orgânicos. Hoje, o principal desafio, situou, é adequar a legislação. “Pela articulação do lobby do veneno e por falta de organização nossa, a legislação federal restringe o uso do composto orgânico. Temos de mudar isso, comprovando a biossegurança do composto produzido com resíduos separados na fonte”, recomendou.

CLIQUE AQUI para ver fotos de todos os participantes no álbum que a Comcap disponibilizou no Facebook.

(Prefeitura de Florianópolis, 29/10/2015)

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