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O centro e os contra

(Por Sergio da Costa Ramos, DC, 01/06/2015)

Não há maquiagem que possa melhorar o horror em que se transformou o aterro da Baía Sul, a partir dos anos 1970. Os prefeitos e os arquitetos do caos conseguiram ali um efeito pior do que a desgraça que se abateu dos céus sobre a cidade alemã de Dresden, reduzida a pó na Segunda Guerra Mundial.

Há tentativas de melhorar o aleijão. Promessas de revitalizações no entorno do Mercado Público e projetos de um boulevard que levaria a Praça XV de volta ao mar. Mas, em Floripa, nada sai do papel e da planilha das boas intenções. Projeta-se uma passagem subterrânea para atender aos usuários do Ticen, obra que já entra no débito de pelo menos três prefeitos. Mas o efeito é o conhecido “vácuo”. Nada acontece. Nada se cria, nada se transforma na natureza da administração pública.

O Centro continua abandonado e entregue às traças. Nos fins de semana, deserto, mais parece uma cidade da ficção: “Antares”, de Erico Verissimo – um cemitério animado pelo espectro dos mortos.

No mundo inteiro, os centros são cultivados para que tenham vida e beleza. Às margens das águas cristalinas do rio Neva, no estuário do Báltico, os russos se orgulham de São Petersburgo e de seus monumentos, como a Catedral de Santo Isaac e o Hermitage, o mais belo museu do mundo. À beira do Tâmisa, na City londrina, ergue-se a gótica e milenar torre onde Henrique VIII fez decapitar Ana Bolena, para esconder o seu próprio alpinismo sexual. À beira do Sena, deita-se uma antiga estação de trem, transformada no belo Museu d’Orsay, casa e albergue dos gênios do Impressionismo.

Às margens da Baía Sul, em Floripa, ergue-se a subestação da Casan, conhecida como a Chernobyl do Chorume. Faz lembrar o aroma emanado dos antigos “pés de loiça” do Colégio Catarinense, porcelana sobre a qual os rapazes depositavam o seu produto em estado bruto e não processado.

Continuamos dependendo do gari chamado Vento Sul. Sem ele, o parque imaginado por Roberto Burle Marx cada vez mais se parecerá com uma cloaca urbana. Repleta de garajões, cortiços, puxados, estações de esgoto, sambódromos, camelódromos – e outras passarelas onde costuma desfilar a insensatez humana.

Há uma ativa brigada do atraso barrando qualquer projeto de boa urbanização e humanização do Centro. São os vitoriosos “contra”, ajudados pela inércia e pela incompetência dos prefeitos.

 

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