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Memória de Florianópolis: Udesc comemora 50 anos de fundação

(Por Carlos Damião, ND Online, 02/05/2015)

Santa Catarina viveu entre as décadas de 1950 e 1960 o seu esplendor educacional, motivado pelo grande astral do governo de Juscelino Kubitscheck (PSD), o “presidente Bossa Nova”, um homem que tinha como lema fazer “50 anos em cinco”. O país ganhou no período (1956-1961) o impulso da indústria automobilística, projetos de infraestrutura, a construção de Brasília, o incentivo às artes, a conquista da primeira Copa do Mundo de Futebol (1958); o Brasil deixava para trás o marasmo conservador que marcou a vida pública nacional entre 1945 e 1955.

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Foi JK, como era conhecido, quem autorizou a fundação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em 18 de dezembro de 1960. A luta pela implantação da instituição, a primeira de ensino superior no Estado, começara bem antes, com a Faculdade de Direito, em 1932. Foram quase três décadas para que Santa Catarina tivesse a sua universidade, uma conquista consagrada pelo espírito renovador, progressista e visionário do presidente JK.

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Aquele novo astral brasileiro ampliou-se para a década de 1960, mesmo com o fim do mandato de Juscelino e a eleição e posse do tresloucado Jânio Quadros, uma opção conservadora do eleitorado que resultou num imenso desastre político mais adiante, com o golpe civil-militar de 1964. JK era do PSD, mesmo partido do candidato a governador Celso Ramos, que venceu a disputa de 1960 contra a UDN.

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Celso entrou para a história como o governador que transformou Santa Catarina. Empresário e pecuarista, sem ligação objetiva com a política (era um homem de bastidores), aspirou à condição de sucessor do grande líder Nereu Ramos, seu irmão, morto num acidente em 1958, que matou também o governador Jorge Lacerda e o deputado Leoberto Leal. Empossado em 1961, Celso já tinha entabulado um projeto de governo, uma verdadeira imersão na modernidade, inspirado pela gestão inovadora de JK.

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O Plameg (Plano de Metas do Governo) estabeleceu inúmeras mudanças em Santa Catarina, não só quanto à infraestrutura. Celso criou o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina) para fomentar o desenvolvimento. E definiu a fundação de uma universidade estadual, a Universidade Para o Desenvolvimento de Santa Catarina, a Udesc. Um de seus setores, a Esag (Escola Superior de Administração e Gerência) tornou-se exemplo de excelência de ensino técnico universitário no Estado.

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Alcides Abreu, o piloto do Plameg, idealizou a Udesc, cujo primeiro reitor foi Elpídio Barbosa, então (1965) secretário da Educação. Alcides era uma espécie de eminência parda de Celso Ramos, o professor, o homem das ideias, dos projetos, da visão voltada para o futuro. Santa Catarina precisava de estradas, expansão da energia elétrica e da telefonia, e de mão de obra especializada, de nível superior, para suprir as demandas do mercado de trabalho.

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No dia 20 deste mês a Udesc completa 50 anos e já tem uma ampla programação comemorativa, que vai até o fim do ano. A instituição é considerada hoje a quarta melhor universidade estadual pública do país, e a 18ª melhor no geral entre um ranking de 192 instituições de ensino superior do país, avaliadas pelo Ministério da Educação. Em Santa Catarina, é a melhor em cursos de graduação. Esse perfil é uma resposta aos céticos da época de sua implantação e também aos que insistem em criticar o ensino público, gratuito e de qualidade – um dos desafios básicos do Estado.

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Celso Ramos era empresário e, nem por isso, caiu na tentação de terceirizar o ensino superior. A história da Udesc, como a história da UFSC, é resultado do espírito solidário e progressista dos homens públicos do passado. Eram outros tempos? Eram – e até mais difíceis. Mas a missão do Estado não mudou, continua aí, com as duas instituições resistindo bravamente às tentativas de sucateamento.

 

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