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Projeto de nova ponte na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, não saiu do papel

Ao passar pelos trabalhadores que reconstroem a proteção de cimento da ponte sobre a Lagoa da Conceição, na avenida das Rendeiras, Valéria Rocha pede que eles reforcem a estrutura para não deixar ninguém mais morrer ali, local de muitos acidentes. Mãe de Natália Rocha de Oliveira, 28 anos, uma das mulheres mortas no último sábado no acidente que envolveu dois carros e nove pessoas, Valéria foi ao local ontem pela primeira vez após o ocorrido, levou flores e rezou pela filha. Um projeto foi apresentado pelo ex-prefeito Dário Berger, em dezembro de 2012, para construção de uma nova ponte, mas nada foi feito. A prefeitura segue em busca de US$ 300 milhões de recursos da Secretaria do Tesouro Nacional para uma série de obras de infraestrutura. A maior delas seria a nova ponte da Lagoa.

Na ponte, pedestres, ciclistas e motoristas disputam espaço. Enquanto duas pistas são reservadas para carros, menos de um metro de cada lado é para pedestres e ciclistas, que se arriscam ao passar pelo asfalto junto aos carros. “No fim de semana é pior ainda. Os carros vêm embalados, um absurdo”, diz o pescador Elói Gonçalves, 63, que passa os dias em cima da ponte pescando.

O projeto da nova ponte prevê estrutura de concreto armado, estaiada, que substituiria a atual passagem para a avenida das Rendeiras. Orçado entre R$ 55 milhões e R$ 65 milhões, a obra aliviaria o trânsito e possibilitaria uma abertura de 100 metros do canal para resolver parte dos problemas de poluição na Lagoa. A ponte teria 184 metros de extensão, ciclofaixas, vias de passeio e travessia de pedestres por baixo da ponte. Em março de 2013, a prefeitura, já na gestão de Cesar Souza Júnior (PSD), começou a revisar o projeto, que custou R$ 1 milhão, e que estava sendo reexaminado pela Secretaria de Obras e pelo Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis).

Mãe quer que filha seja lembrada pela alegria

Inconformada com a morte da filha, Valéria Rocha decidiu que ontem, três dias após o acidente, levaria flores ao local em que Natália morreu. “Ouvi aquela música que diz ‘vou jogar no mar, flores para te encontrar’ e vim até aqui. Tenho certeza que ela está bem agora, onde quer que esteja. Só quero que ela seja lembrada pela alegria que tinha”, diz.

A mãe conta que Natália estava em um momento muito feliz da vida. Natural de Belo Horizonte, a advogada veio morar em Florianópolis, pois tinha se encantado pela cidade. “Aqui era o lugar dela, onde ela queria ficar. Não é justo uma mãe enterrar a filha”, diz.

Valéria preferiu não ver jornais ou ler as mensagens que os amigos deixaram para a filha no Facebook. O cachorro de Natália, Igor, que ficou com a família na pousada Lua de São Jorge, na Barra da Lagoa.

Na edição de ontem, o Notícias do Dia mostrou que o pai de Natália, Fernando Silveira Sobrinho, 49, pretende fazer uma campanha para que a prefeitura proteja as laterais da ponte com guarda-corpo de aço para evitar novas tragédias. No acidente, também morreu Liciane Chaves Correa, 38. A Land Rover que era dirigida por Natália bateu às 4h32 na lateral traseira de um Celta e depois colidiu com a proteção de cimento da ponte sobre a Lagoa e caiu na água. Um inquérito foi aberto na 4ª Delegacia de Polícia para apurar as causas do acidente.

Comunidade reclama de acidentes na ponte

Segundo o secretário de Obras Rafael Hahne, o projeto é uma das opções estudadas pelo município, mas que depende de recursos. “Sabemos da importância de uma nova ponte no local tanto para o trânsito quanto para a questão de oxigenação e saneamento da Lagoa. Enquanto o projeto não é viabilizado, fazemos a manutenção necessária”, diz, na expectativa de que até o início de 2015 o recurso esteja garantido.

Alésio dos Passos Santos, presidente da Amola (Associação de Moradores da Lagoa da Conceição), diz que há mais de dez anos os moradores da região pedem uma solução. “Essa ponte é mal localizada, fica em uma curva, não tem calçada e nem espaço para bicicletas. Os acidentes são constantes e é um lugar muito perigoso. A comunidade pede que urgentemente uma nova ponte seja construída”, afirma.

Para Santos, além da segurança, a questão ambiental também é fundamental. “É preciso ter este vão maior para circular mais água e ter mais oxigenação da Lagoa, com mais fluxo de água”, diz. De acordo com ele, o projeto discutido e que teve até o início das sondagens no local, é uma boa solução, mas muito cara.

O comerciante Joel do Amaral, 59, mora há mais de 25 anos na Lagoa da Conceição e perdeu a conta de quantos acidentes já viu sobre a ponte. “É inviável para o trânsito, várias pessoas se feriram aqui. É um perigo para pedestres, ciclistas e motoristas. O projeto de nova ponte está pronto, o que falta é vontade política”, diz. Além da preocupação com acidentes, outro receio é com a poluição. “A Lagoa está morrendo, cheia de esgoto. Quando não tinha essa ponte, há mais de 40 anos, a lagoa tinha mais oxigenação, agora não tem mais”, completa.

Para a professora Clarice Bublitz, 50, moradora do Canto da Lagoa, a construção de uma nova ponte, com mais estrutura e segurança, seria o ideal. “É um projeto excelente, que desafogaria o trânsito, essencial para a mobilidade urbana”, afirma.

(Notícias do Dia Online, 05/11/2014)

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