Fornecimento de energia elétrica
03/02/2014
Estado afirma não ter interesse em aeronaves
03/02/2014

Presente vai pelos ares

(Coluna Visor, DC, 02/02/2014)

Por falta de visão estratégica, jogo de empurra e até disputa de vaidades, a Polícia Militar de SC está prestes a perder a oportunidade de contar gratuitamente com dois helicópteros, modelo Bell 412, capazes de transportar seis vítimas em macas ou 13 passageiros em voos por instrumentos inclusive à noite. Equipamentos que fariam toda a diferença no socorro a vítimas em tragédias climáticas, como a do Morro do Baú. As duas aeronaves da corporação, um Coala, em Florianópolis, e um Esquilo, em Joinville, levam, respectivamente, duas e uma maca.

– Vamos aos fatos. Em 2012, a Polícia Federal em Brasília comprou dois helicópteros novos. Ela operava com o Bell 412, o mesmo modelo utilizado pelas principais polícias do mundo, como a de Nova York. A PF resolveu doar os dois aparelhos para algum Estado da federação interessado. Sem nenhum custo para a transferência do patrimônio, orçado em R$ 30 milhões. A Secretaria de Segurança Pública de SC foi informada sobre a oportunidade única. Entrou no jogo e levou.

– Ficou acertada a cessão de uso sem custos dos dois helicópteros para a PM catarinense por cinco anos. Ao fim do período, seriam doados em definitivo para o Estado. Foi assinado um termo de cooperação entre a PF e a SSP-SC, publicado no Diário Oficial da União no final de 2012 (cópia ao lado ). O secretário de Segurança Publica, Cesar Grubba, e o comandante-geral da PM chancelaram o documento.

– Caberiam à PM apenas os custos de pintura (personalização) e compra de macas, farol para busca noturna e cesto de água para combater incêndios, além da manutenção e combustível. A contrapartida seria compartilhar os helicópteros para eventuais missões da PF em SC. Tudo certo. Em 2013, os meses foram passando e nada de a PM finalizar a incorporação. Até que foi marcado para outubro um pregão presencial para compra dos equipamentos.

– Foi quando uma semana antes da licitação de número 131, a comissão formada por alguns oficiais do Estado Maior da PM se reuniu e mudou de ideia. Decidiu não aceitar mais a doação da Polícia Federal, alegando que os custos de manutenção seriam elevados. O edital, então, foi sumariamente cancelado. Com base nas informações dessa comissão, Grubba encaminhou ofício à direção da PF informando que o Estado não teria mais interesse nas aeronaves. O argumento foi avalizado pelo coronel Nazareno.

– Em ata, a comissão alegou que o custo de manutenção das duas aeronaves chegaria a R$ 6 milhões por ano. Este Visor ouviu três especialistas em aviação, que dizem que o custeio dos dois Bell 412 fica em torno de R$ 4,4 milhões. O Esquilo da PM custa R$ 1,8 milhão ao ano. A diferença é de R$ 400 mil. Além disso, PF disponibilizaria R$ 1,5 milhão em peças sobressalentes

– O comando da PM entendeu que as aeronaves são velhas (ano 1982). Para se ter uma ideia, a Força Aérea Brasileira (FAB) ainda utiliza os aparelhos Bell 205,conhecidos como sapão, aqueles da guerra do Vietnã, fabricados nos anos 60. O Bell 412 é um helicóptero bimotor, ou seja, com muito mais autonomia e tecnologia durante os voos.

– A direção da PF ainda não oficializou a suspensão da transferência. O senador Luiz Henrique da Silveira entrou em campo para tentar reverter o caso. Classificou como inaceitável a devolução. Por e-mail, a assessoria de comunicação do governador Raimundo Colombo informou que a decisão teve como base o laudo técnico. “Os helicópteros são grandes, ameaçam destelhar casas e não têm lugar para pousar. Logo, trata-se de um péssimo negócio.”

– Tal opinião não é compartilhada pelas polícias do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ao saberem da desistência de SC, formalizaram pedido para receber os Bell 412. Quem sabe até a próxima tragédia climática, a PM reveja sua posição…

 

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1 Comentário

  1. roberto de oliveira disse:

    Quando se pensa pequeno, menor se fica e menos se consegue. Quem sabe uma frota de carrinhos de mão sairia mais barato? De barato em barato, a população cada vez fica mais prejudicada e sem entender porque, numa sanha fiscal tão grande como esta a população só fica com o “sabugo”?

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