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Viveiros de mudas nativas garantem o futuro da Mata Atlântica em Florianópolis

Instrumentos de educação ambiental e importantes espaços ecológicos para convívio comunitário, viveiros de sementes e mudas de plantas nativas são fundamentais para as futuras gerações da Mata Atlântica. Em Florianópolis, onde a floresta perdeu 70% da vegetação original, a recomposição das áreas degradadas é garantida numa espécie de maternidade e berçário mantidos no horto do Parque Municipal da Lagoa do Peri, Sul da Ilha.
Diversificado e bem cuidado, o viveiro do Peri tem amostras de 35 das 340 espécies características da Mata Atlântica na região, algumas frutíferas. O trabalho começa na coleta de sementes na mata, beneficiamento para quebra de dormência, sementeira, repicagem da muda em saquinhos de plástico, crescimento em canteiros e adaptação climática fora das estufas e coberturas de sombrite.
De lá, arvores praticamente desaparecidas, como canela preta, peroba e pau de óleo, são transferidas para uma das 14 áreas degradadas em recuperação na área do próprio parque. Também garantem reflorestamentos do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, da Diretoria de Gestão Ambiental da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente). Entre elas, parte da mata ciliar do rio Papaquara, no Canto do Lamin, em Canasvieiras; trecho do Parque Municipal do Maciço do Morro da Cruz, no Centro; e encosta do Monte Verde, no Saco Grande.
O objetivo do horto, segundo Mauro Manoel da Costa, 47, do Departamento de Unidades de Conservação da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), é manter o banco genético da mata característica local para ações no próprio parque do Peri.
Como fora dos viveiros, a sucessão vegetal é mais demorada, a regeneração de áreas desmatadas requer manejo especializado e acompanhamento técnico. “Passa pela escolha da espécie certa para cada tipo de solo, adensamento para impedir competição com gramíneas invasoras, como o capim melado”, explica Mauro Costa.
Garapuvu é símbolo, mas predominava canela
Majestoso durante a floração amarelada, o garapuvu é a árvore símbolo da cidade pelo legado deixado ao pescador pelos índios carijós. É de seu tronco que nasce a canoa de um pau só, ainda fundamental para a sobrevivência da pesca artesanal da tainha.
Mas era a canela preta a espécie dominante e de maior importância econômica. E, consequentemente, exemplo mais clássico do intenso desmatamento registrado nas matas da Ilha durante o período de colonização. Resistente, era derrubada para fabricação de aberturas e assoalhos de casas. Depois, vem a peroba, a maior de todas as árvores da Ilha, que pode chegar a 35 metros de altura.
Destas, restou apenas uma mancha na encosta leste do morro do Ribeirão da Ilha, no Parque Municipal da Lagoa do Peri. Lá é possível caminhar sob uma floresta intacta, com árvores de até 400 anos. “Anteriores a Dias Velho”, diz o filósofo Mauro Costa.
Segundo o biólogo Danilo Funke, áreas com grande densidade de garapuvus, como as encostas do morro do Badejo, no Canto da Lagoa, foram desmatadas no passado. São trechos de recomposição secundária da mata atlântica, que mais tarde, pela regra de sucessão natural da floresta, darão lugar a espécies mais resistentes, como canelas e perobas. Costa defende, portanto, a liberação temporária de corte para resgate das canoas de um pau só.
Exóticas para praças e jardins
Dos três hortos de Florianópolis, o mais antigo está escondidinho e praticamente esquecido atrás do casario da Freguesia do Ribeirão da Ilha, ao pé do morro mais alto de Florianópolis, e homenageia famoso político da localidade. Há 45 anos, Antônio Antunes da Cruz, o Funga Funga, imbatível cabo eleitoral do PSD, percebeu a necessidade de um viveiro para paisagismo de logradouros, praças e jardins de escolas e creches públicas da cidade.
Até hoje, 50 espécies exóticas e ornamentais, além de algumas nativas e frutíferas, como pitanga, ingá, siriguela e grumixama, são cultivadas nos 116 mil metros quadrados pertencentes ao município, que incluem pequenas cachoeiras. Em uma delas, foi instalado reservatório de 15 mil litros de água em parceria com a iniciativa privada para abastecimento da estrutura do viveiro e rega das mudas.
O mais antigo é também o menos estruturado. Dos 11 funcionários, restaram seis sob a coordenação do administrador Flávio Alcides da Silva, 57, há 28 anos no horto, que sente falta do conhecimento de engenheiro agrônomo e biólogo. “Se tivéssemos esta ajuda científica seria mais produtivo”, reconhece.
Falta estrutura na produção
Sem adubo orgânico, a equipe do horto também está com dificuldades para renovação do banco de mudas. As sementes são produzidas ali mesmo no viveiro, e depois transferidas para pequenos sacos de plástico. Algumas espécies são plantadas diretamente nos canteiros bem cuidados, protegidos por blocos de cimento e separados por calçadas de brita.
O horto Antônio Antunes da Cruz produz, por exemplo, alamanda amarela, ibisco, pingo de ouro, palmeira areca, cróton, sibipiruna, amendoeira, flamboyant e jasmim de cabo. “Ainda não conseguimos fazer mudas de azaléia, é mais difícil de pegar”, explica o administrador Flávio Alcides da Silva.
Não poderia faltar garapuvu, a árvore símbolo de Florianópolis representada por majestoso exemplar que, mesmo sem folhas ou a característica floração amarela, se destaca na entrada do horto. “É dele que fazemos as sementes para distribuir pela cidade”, diz Flávio.
Visitante terá frutíferas e chás
No Parque Ecológico do Córrego Grande, o horto está em fase de transição. A reformulação proposta pelo filósofo Mauro Manoel da Costa e pela futura agrônoma Amaranta Ferreira Bellei é produzir apenas mudas de espécies nativas frutíferas e plantas medicinais consagradas pela cultura popular. A intenção é distribuir as mudas aos visitantes do parque.
Costa argumenta que o reflorestamento com plantas nativas é essencial para amenizar os efeitos do intenso desmatamento durante o período de colonização, e da urbanização veloz das últimas cinco décadas. “Estas espécies integram a teia ecológica que evolui na região há milhões de anos, concorrendo de forma equilibrada com as demais espécies vegetais e com a fauna silvestre”, explica.
O interesse popular por espécies frutíferas e pelas plantas medicinais também estimulou a readequação do viveiro. “Moramos numa cidade onde parte da população tradicional foi tratada com chazinhos da vovó e cresceu comendo frutas silvestres”, pondera Costa, que ressalta outra finalidade básica do projeto: contribuir para qualidade ambiental da cidade, seja com qualidade do ar e equilíbrio climático, ou pela permeabilização e proteção do solo.
Com orçamento em torno de R$ 3 mil para readequações, o novo viveiro do Córrego terá também sistema próprio de irrigação, por pulverização da água com expersores. O processo de produção passa por coleta de sementes na natureza, beneficiamento, semeadura, repicagem em saquinhos e crescimento em canteiros.
As primeiras frutíferas serão transferidas do viveiro da Lagoa do Peri, onde também são produzidas as futuras árvores para recuperação das áreas degradadas por desmatamentos e antigas ocupações humanas. “Temos algumas espécies germinadas, vamos levar em bandejas”, diz Costa.
(ND, 22/09/2013)

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